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Líderes do Parlamento Europeu reclamam novas eleições na Bielorrússia e alertam para ingerência russa

Os líderes das principais famílias políticas do Parlamento Europeu (PE) reclamaram hoje a realização de novas eleições presidenciais na Bielorrússia, exortando as instituições da União Europeia e os 27 a estarem vigilantes face a potenciais ingerências de Moscovo.

EPA
17 de Agosto de 2020 às 14:03
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Numa declaração conjunta, os líderes parlamentares do Partido Popular Europeu (PPE), dos Socialistas europeus (S&D), do Renovar a Europa (Liberais) e dos Verdes - as quatro maiores bancadas da assembleia -, e ainda do grupo dos Conservadores e Reformistas (ECR) saúdam a decisão dos chefes de diplomacia da UE de avançar com uma ‘lista negra’ dos responsáveis pela falsificação das eleições presidenciais e da violência que se seguiu, pedindo que "a lista de sanções seja compilada tão rapidamente quanto possível".

Aplaudindo o povo da Bielorrússia "pela sua coragem e determinação" em reclamar uma "mudança democrática e liberdade", os líderes parlamentares dizem não reconhecer Alexander Lukashenko enquanto Presidente, considerando-o mesmo ‘persona non grata’ na UE, dado entenderem que "as eleições presidenciais de 9 de agosto não foram nem livres, nem justas", sendo que "dados credíveis apontam para a vitória de Svetlana Tikhanovskaya", ainda que, oficialmente, lhe tenham sido atribuídos apenas cerca de 10% dos votos.

Deplorando "os terríveis atos de violência e tortura" contra os manifestantes pacíficos, os responsáveis políticos europeus pedem "uma investigação completa a estes crimes, que não podem passar impunes", assim como a libertação imediata de todos aqueles detidos arbitrariamente, e dos prisioneiros políticos detidos antes e durante a campanha eleitoral".

Para os líderes parlamentares, a UE deve tomar uma posição de força, "reconsiderar a sua cooperação com Minsk, incluindo no Quadro da Parceria Oriental" e designar um representante especial para a Bielorrússia, "de forma a apoiar o processo de uma transição pacífica de poder, respeitando a vontade do povo bielorrusso".

Os líderes parlamentares das cinco famílias políticas concluem a declaração conjunta com o alerta para a potencial ingerência russa na situação na Bielorrússia.

"Exortamos a Federação Russa a abster-se de qualquer interferência, dissimulada ou aberta, na Bielorrússia após as eleições, e apelamos às instituições da UE e aos Estados Membros para que contrariem de forma vigilante quaisquer ações russas a este respeito", lê-se na declaração, assinada por Manfred Weber (PPE), Iratxe García (S&D), Dacian Ciolos (Renovar Europa), Ska Keller e Philippe Lamberts (Verdes) e Ryszard Legutko e Raffaele Fito (ECR).

Hoje mesmo, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, convocou uma reunião extraordinária de líderes para quarta-feira, por videoconferência, para discutir as tensões sociais e políticas na Bielorrússia, após as eleições presidenciais no país.

"Vou convocar uma reunião extraordinária dos membros do Conselho Europeu para esta quarta-feira às 12:00 [11:00 em Lisboa] para discutir a situação na Bielorrússia", escreveu hoje na rede social Twitter o presidente da estrutura que junta chefes de Governo e de Estado da UE.

Charles Michel sublinhou que "o povo da Bielorrússia tem o direito de decidir sobre o seu futuro e eleger livremente o seu líder", adiantando que "a violência contra os manifestantes é inaceitável e não pode ser permitida".

Desde há uma semana que a Bielorrússia é palco de uma onda de protestos contra a reeleição do Presidente, Alexander Lukashenko, que muitos, incluindo a UE, consideram fraudulenta.

No poder há 26 anos, Alexander Lukashenko obteve, segundo a Comissão Eleitoral Central do país, mais de 80% dos votos no dia 09 de agosto, conquistando o seu sexto mandato.

Desde então, mais de 6.700 pessoas foram presas durante ações de protesto e centenas dos já libertados relataram cenas de tortura sofridas na prisão.

Em resposta ao agravamento da crise, a UE acordou na sexta-feira impor sanções contra as autoridades bielorrussas ligadas à repressão e à fraude eleitoral.

No domingo, realizou-se um dos maiores protestos da oposição na história da Bielorrússia, com várias dezenas de milhares de pessoas em Minsk para exigir a saída do chefe de Estado, mas o Presidente já rejeitou a possibilidade de realizar novas eleições presidenciais.

A candidata da oposição à presidência, Svetlana Tikhanovskaya, que está refugiada na Lituânia, disse hoje que estava pronta para liderar o país, referindo que não "queria ser política", mas que "o destino decretou que estaria na linha da frente diante da arbitrariedade e da injustiça".

 

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