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Lagarde aposta no "Euro.2" e elogia moeda única pela maturidade dos seus 20 anos
A directora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) vê nuvens negras no horizonte da União Europeia, nomeadamente devido aos movimentos populistas, mas aplaude os 20 anos da Zona Euro e considera que há espaço para um caminho risonho.
Christine Lagarde (na foto) considera que a União Europeia e a Zona Euro se encontram perante decisões difíceis acerca do seu futuro, numa altura em que os movimentos populistas – desde o Brexit até às recentes eleições em Itália – vieram questionar o valor da integração Europeia.
Mas, para a directora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), a moeda única tem tido um percurso que deu frutos incríveis, sendo actualmente a segunda maior moeda de reserva em todo o mundo.
"Os laços entre as nações europeias foram além do que muitos imaginaram a seguir à Segunda Guerra Mundial", sublinhou Lagarde no seu discurdo de abertura da conferência de dois dias que decorre em Dublin (Irlanda) e que é dedicada ao 20.º aniversário da criação do euro.
Num testemunho que intitulou de "Euro 2.0: Passado, Presente e Futuro da Integração da Zona Euro", a directora-geral do FMI recorreu a frases emblemáticas de irlandeses no seu discurso, tendo destacado uma escritora do século XIX chamada Maria Edgewoth, que disse que "é nos sonhos que começa a responsabilidade".
"Assim sendo, como é que chegámos a este momento e como é que podemos aproveitá-lo ao máximo"?, questionou.
Lagarde reconheceu os problemas que vieram a par da integração, nomeadamente a crise da Zona Euro, muito à conta do endividamento, que levou a que vários países fossem duramente atingidos, mas destacou que "com 20 anos, a Zona Euro está mais madura".
"Na corrida à adopção do euro em 1999, assistimos a uma forte convergência nos níveis do rendimento real dos membros iniciais da Zona Euro. As taxas de juro começaram a convergir ainda antes de a moeda única ser introduzida", recordou. Mas… "conforme sabemos, nalguns casos estas mudanças contribuíram para um endividamento excessivo, para níveis de crescimento insustentáveis e, por último, para a crise a Zona Euro", disse.
Mas Christine Lagarde vê um futuro risonho. A líder do FMI destacou a importância de se ter uma visão para o "Euro 2.0", o que inclui concluir a união bancária, integrar os mercados financeiros e de capitais e desenvolver uma capacidade orçamental própria da Zona Euro.
"Dizendo de forma simples, a Zona Euro não deve repetir os erros do passado. Uma maior partilha do risco, conjugada com amortecedores nacionais de maior dimensão, ajudará a que os países evitem ter de subir impostos e cortar na despesa pública quando surgir uma nova fase de contracção", declarou.
"É o imobilismo que dá cabo de nós, não a ambição", referiu Lagarde, parafraseando o músico e poeta irlandês contemporâneo Bono.
A líder do Fundo terminou a sua intervenção com uma palavra de incentivo aos legisladores, "para que prossigam o difícil trabalho das reformas", aproveitando para recordar as palavras de um ex-presidente dos Estados Unidos: JFK.
"Recentemente, citei uma frase de um famoso irlandês-americano, John Fitzgerald Kennedy, que certa vez disse ao seu país que ‘a altura de consertar o telhado é quando o sol está a brilhar’. Neste momento, há cada vez mais nuvens negras no horizonte, por isso as palavras de Kennedy devem ser levadas a sério com um renovado sentido de urgência", concluiu.