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Islândia: 10 anos depois da crise lança fundo soberano de dois mil milhões

A Islândia vai criar um fundo soberano dotado de mais de 2 mil milhões de euros. A criação de um fundo soberano está nos planos do país há muitos anos, mesmo antes de crise de 2008 que deixou a economia à beira da falência, mas só agora vai avançar. E o “pé-de-meia” é considerável.

Reuters
26 de Fevereiro de 2019 às 12:38
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Há 10 anos a Islândia estava mergulhada numa crise financeira sem precedentes. A recuperação foi rápida e a discussão sobre a criação de um fundo soberano voltou a ganhar lastro. Em setembro do ano passado, o governo anunciou que ia avançar com esta medida. Hoje foi revelado que o fundo será criado com 300 mil milhões de coroas islandesas, o equivalente a 2,2 mil milhões de euros, ou mais de seis mil euros por islandês.

 

Em setembro do ano passado, a Islândia anunciou que queria avançar com um fundo soberano para servir de apoio, em períodos em que a economia seja assolada por choques severos e imprevistos. "As contribuições para o fundo vão ser equivalentes às novas receitas de empresas públicas de produção de energia, que se prevê que aumentem nos próximos anos". Foi assim que, há cinco meses, o governo anunciou a medida.

 

Esta terça-feira, 26 de fevereiro, a Bloomberg revela que o fundo vai mesmo avançar e que o seu valor é elevado.

 

A dotação do fundo equivale a praticamente 10% do produto interno bruto (PIB) desta pequena economia, uma vez que os dados disponíveis revelam que o PIB islandês ascendeu a 23,9 mil milhões de dólares, em 2017.

 

As contribuições iniciais proveem dos dividendos pagos ao Estado por empresas como a National Power, explicou recentemente o CEO desta empresa, Hordur Arnarson. O responsável explicou que os dividendos vão aumentar de forma considerável nos próximos anos, podendo ascender a 10-20 mil milhões de coroas por ano.

 

Esta medida é uma prova do sucesso da recuperação da Islândia que, em 2008, foi assolada por uma crise sem precedentes. A crise financeira de 2008 resultou da falência dos três maiores bancos islandeses (Glitnir, Landsbanki e Kaupthing), que tinham ativos 10 vezes superiores à economia do país.

 

Fundo "foge" à gestão do banco central

Este fundo, criado com a intenção de servir de almofada à economia, vai investir fora da Islândia, nomeadamente em ações e obrigações. O dinheiro será gerido por um gestor de ativos estrangeiro, explicou o ministro das Finanças islandês à Bloomberg. Uma decisão que choca com o que o tem sido defendido pelo governador do banco central.

 

O fundo não vai poder investir em ativos da Islândia ou emitidos por entidades com sede fiscal no país. Terá um conselho de administração que supervisionará as operações, composto por cinco pessoas, que serão nomeadas pelo Parlamento, pelo primeiro-ministro e pelo ministro das Finanças. Será este órgão que decidirá quem vai gerir o fundo, numa decisão que poderá ser tomada depois das aprovações do Parlamento que, de acordo com a Bloomberg, deverão acontecer na primavera.

 

"Uma vez que todos os investimentos serão realizados fora [da Islândia], há um número sem fim de fundos em todo o mundo que provavelmente vão querer correr" a esta gestão, explicou o ministro das Finanças, Bjarni Benediktsson, na entrevista à agência de informação americana.

 

O responsável explicou porque é que o fundo não ficará sob a gestão do banco central, que, por sua vez, tem defendido que o fundo fique sob a alçada deste regulador. O banco central está ocupado com outras questões, como a política monetária e a estabilidade financeira e "não precisa de estar a fazer a gestão dos ativos para o Tesouro", sublinhou o ministro.

 

Já o banco central, que atualmente supervisiona reservas cambiais superiores a 700 mil milhões de coroas, discorda. O governador defende mesmo que a gestão deste fundo soberano seria uma "sinergia" com os outros papéis que já desempenha.

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