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FMI diz que estímulos orçamentais terão impacto negativo e teme recessão em Itália
O Fundo Monetário Internacional considera que os estímulos previstos no Orçamento do Estado para 2019 de Itália terão um impacto negativo a médio prazo. Os técnicos consideram que há perigo de recessão.
Itália ficará "muito vulnerável" caso avance com o orçamento expansionista que enviou a Bruxelas a 15 de Outubro. Acresce que o impacto a médio prazo dessas medidas será negativo. A avaliação é feita pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) que terminou esta terça-feira, 13 de Novembro, mais uma visita de monitorização ao país, no mesmo dia em que acaba o prazo para o Governo entregar um novo esboço do Orçamento à Comissão Europeia.
"O impacto dos estímulos no crescimento [económico] será incerto durante os próximos dois anos e provavelmente negativo no médio prazo, se os spreads elevados persistirem", lê-se no comunicado divulgado pelo FMI esta tarde. Os técnicos do Fundo admitem que possa haver um impacto positivo a curto prazo, mas esse efeito será apagado pelo impacto negativo do aumento dos juros da dívida pública italiana à medida que esse custo se transfere para o sector privado, principalmente para os bancos, que já estão numa situação frágil.
Os perigos podem materializar-se de tal forma que Itália arrisca-se a entrar em recessão. Se os impactos forçarem a um ajustamento orçamental significativo e a economia estiver fraca, "isso poderá transformar uma desaceleração numa recessão", antecipam os técnicos do Fundo, juntando-se assim aos avisos que têm sido dados pela Comissão Europeia nas últimas semanas. O Governo italiano tem até hoje à meia noite para entregar uma versão modificada da sua proposta para o OE 2019.
#Italy needs more growth and social inclusion. The Fund’s annual economic review proposes ways to grow faster and reduce the country’s vulnerability to financial turbulences. https://t.co/LZ0xInSqkc pic.twitter.com/rtO5MjF5Sl
— IMF (@IMFNews) 13 de novembro de 2018
Apesar das críticas, o Fundo elogia o ênfase dado pelo Executivo ao crescimento económico e à inclusão social. Contudo, considera que o caminho é outro: a receita passa por reformas estruturais, consolidação orçamental (mas lenta) e medidas para reforçar a resiliência dos bancos.
"Recomendamos que se proceda a uma modesta e gradual consolidação orçamental para ajudar a dívida pública a entrar numa trajectória descendente e reduzir os custos de financiamento", começam por explicar os técnicos, assinalando que é "prudente" consolidar as finanças públicas numa altura em que o ambiente externo é favorável. Este ajustamento terá de ser aliado à mudança da composição de políticas que promovam o crescimento económico e a inclusão social.
Sem estas reformas, a entidade liderada por Christine Lagarde considera que a economia italiana continuará frouxa. No raio-X que faz a Itália, as consequências desse crescimento são visíveis: "Os rendimentos individuais reais estão ao nível de há duas décamas; o desemprego sitou-se em média nos 10% neste período; as condições de vida dos mais novos pioraram; e a emigração dos cidadãos italianos está perto de um máximo de cinco décadas".