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Fim do controlo de capitais na Islândia leva coroa à maior queda desde 2009

No dia seguinte ao Governo islandês ter anunciado o fim das restrições aos movimentos de capitais, impostas na Islândia na sequência da crise bancária desencadeada em 2008, a coroa islandesa encaminha-se para registar a maior queda face ao dólar desde 2009.

1 - Islândia
Reuters
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A moeda islandesa segue a desvalorizar 2,74%, com cada dólar a ser trocado por 110,779 coroas islandesas. A confirmar-se tal desvalorização, a coroa islandesa registará esta segunda-feira, 13 de Março, a maior quebra diária contra o dólar desde 2009, isto depois de este domingo o Governo da Islândia ter anunciado que amanhã (14 de Março) serão levantadas as restrições remanescentes ao movimento de capitais no país, medida que permitirá ao país regressar aos mercados.

 

Reiquiavique implementou medidas de controlo de capitais precisamente em 2009, tendo por objectivo assegurar a maior estabilidade possível à coroa islandesa devido ao colapso dos três maiores bancos do país (Glitnir, Landsbanki e Kaupthing). Decisão tomada quando ainda se faziam sentir as réplicas do "terramoto" provocado pela crise do sistema financeiro da Islândia desencadeada no seguimento da crise financeira internacional de 2008.

Exceptuando o passado dia 7 de Março, em que a coroa islandesa perdeu 2,16% face ao dólar, a divisa da Islândia não perdia acima de 2% relativamente à moeda americana desde 2009. Assim, confirmando-se uma queda superior a 2,16%, será a maior desvalorização diária desde 7 de Abril de 2009, dia em que a quebra foi de 3,30%.

 

Até aqui a coroa islandesa tem sido a moeda com melhor desempenho nos últimos 12 meses face ao dólar por parte dos países considerados desenvolvidos, tendo valorizado acima de 16% no ano findo na passada sexta-feira, 10 de Março. Esta segunda-feira a coroa islandesa chegou mesmo a perder mais de 3,5% face à divisa americana, tendo sido transaccionada no valor mais baixo desde 15 de Fevereiro último contra o dólar.

 

O Financial Times escreve que o levantamento do controlo de capitais permitirá aliviar a pressão que pende sobre a coroa islandesa, em especial porque deverá permitir que fundos islandeses invistam no estrangeiro e que os investidores possam diversificar as respectivas carteiras de activos.

 

A tendência de cotação elevada da coroa islandesa tem sido problemática para o banco central islandês, uma vez que a realização de importações baratas tem dificultado a subida dos níveis da inflação para a meta pretendida pela autoridade monetária.

 

Citado pelo FT, o ministro islandês das Finanças, Benedikt Johannesson, disse este domingo que um grupo de especialistas irá estudar até ao final deste ano a eventual necessidade de o Executivo aplicar medidas adicionais para estabilizar a coroa islandesa, tendo dado como exemplo a possibilidade de indexar a divisa ao euro. A coroa islandesa valorizou 18% face ao euro no ano passado, com os investidores atraídos pelas taxas de juro mais elevadas.

 

O fim do controlo de capitais termina assim com um período de oito anos em que o país limpou os problemas subsequentes à crise bancária de 2008 e que provocaram a pior recessão deste país com 340 mil habitantes.

 

Também este domingo foi anunciado que o banco central comprou cerca de 90 mil milhões de coroas (cerca de 780 milhões de euros) de capitais que estavam em offshores para "proteger a economia de instabilidades monetárias, cambiais e financeiras". Essas holdings ainda detêm 100 mil milhões de coroas na sua posse.

 

Em 2016 a economia islandesa cresceu 7,2% (no último trimestre cresceu 11,3%) e o desemprego desceu para cerca de 3%.

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