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Em Londres, já se fazem negócios nas velhas cabines telefónicas

Por todo o Reino Unido, as icónicas cabines telefónicas vermelhas estão a transformar-se em locais para pequenos negócios. Há livrarias, pequenas lojas ou oficinas. O que a imaginação permitir.

Bloomberg
20 de Agosto de 2016 às 15:00
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Raro é o postal de Londres em que elas não surgem. Como os elegantes táxis pretos ou os autocarros de dois andares, as cabines telefónicas vermelhas são verdadeiros ícones da capital britânica. Mas o que é feito das velhas "boxes" – como lhes chamam no Reino Unido – na era dos smartphones? Até há pouco tempo, quase nada. Agora, um pouco de tudo.

Por todo o país, as famosas cabines vermelhas estão a ganhar uma nova vida, como descreve uma reportagem da Bloomberg. Há livrarias onde se emprestam livros, cafetarias e até ‘mini-restaurantes’ de sumos e saladas.

Milhares de boxes foram resgatadas nos últimos tempos. Inicialmente, como parte de um trabalho sem fins lucrativos. Agora, a tendência é torná-las num espaço privilegiado para pequenos empresários.

O impulso para a abertura de lojas dentro das cabines telefónicas foi dado por Edward Ottewell e Steve Beeken, que abriram a "Red Kiosk Company" e uma instituição de caridade relacionada. Remodelaram e pintaram as cabines, fizeram a instalação eléctrica, e colocaram novos vidros e fechaduras. O processo dura cerca de três meses, mas "tudo é colocado de volta no seu estado original", explica Ottewell, citado pela agência noticiosa.

Os inquilinos das boxes fazem contratos de aluguer entre três e dez anos, com um custo anual a rondar as 3.600 libras (cerca de 4.148 euros). Feitas as contas, 345 euros por mês. 

Umar Khalid e a esposa transformaram uma boxe perto de Hampstead Heath – a versão londrina do Central Park – num café chamado Kape Barako. Como descreve a Bloomberg, Khalid teve de vasculhar a internet para encontrar sistemas de refrigeração, prateleiras e equipamentos que se adaptassem ao reduzido espaço da cabine.



"É bastante desafiante, especialmente no que diz respeito às condições meteorológicas", conta o empresário à agência noticiosa. "Eu tenho um guarda-chuva, e estou debaixo da árvore, o que ajuda bastante".

Khalid não tem propriamente uma loja. Mas também não é vendedor ambulante. A dificuldade de colocar as cabines numa "categoria" para efeitos de licenciamento tem causado alguns constrangimentos, e levou mesmo as autoridades locais a encerrar o negócio durante seis semanas. Findo esse período, e depois de reunir centenas de assinaturas, Khalid conseguiu reabrir o estabelecimento. Paga 16,77 libras (cerca de 19,32 euros) por dia.



"As autoridades estão agora a trabalhar com o proprietário do quiosque para garantir que é emitida a licença correcta, que permite a actividade comercial na rua", explicou o vereador Jonathan Simpson, citado na reportagem.

 

Ben Spier também está à espera do "veredicto" do vereador, que poderá afectar o seu negócio de venda de saladas no bairro de Holborn, no centro de Londres.

Durante muitos anos, Spier vendeu saladas nos mercados locais. Mas hoje, a cabine telefónica dá-lhe a oportunidade de ter o seu próprio espaço, sem um aluguer proibitivo.



No sudeste de Londres, duas "boxes" são utilizadas como livrarias onde as pessoas podem levar livros emprestados. Uma é para adultos, outra para crianças. E já há planos para abrir uma terceira.



Segundo dados do BT Group – a operadora responsável pela maioria dos telefones públicos desde que os serviços telefónicos foram privatizados nos anos 1980 - um terço dos 46 mil existentes – incluindo cerca de 8 mil cabines vermelhas – são utilizados apenas uma vez por mês. Ou nenhuma.

Além de cafetaria e lojas, as cabines têm outras potencialidades: podem tornar-se pequenos escritórios, estações de carregamento, ou "oficinas" para reparação de telemóveis.

A Bar Works, de Nova Iorque, planeia abrir pequenos escritórios dentro das cabines, começando com nove, em Setembro. O objectivo é chegar aos 18 até ao final do ano.

Por cerca de 20 libras por mês, as pessoas têm acesso a um mini-local de trabalho com acesso à internet, tomadas, impressora, scanner e outros utilitários de escritório.  

Já a Lovefone, uma loja de reparação de equipamentos electrónicos, quer abrir sete oficinas em cabines telefónicas por todo o Reino Unido.



"Fiquei impressionado com o espaço e achei-o perfeito para o trabalho de um técnico", afirmou o CEO da Lovefone, Rob Kerr, citado pela Bloomberg.

"Já enviámos técnicos em bicicletas para realizarem reparações ao domicílio, com uma pasta com peças e ferramentas. Por isso não é preciso muito espaço", concluiu. 

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