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Eleição de Trump e crise política afundam confiança dos investidores alemães
Entre o colapso do Governo, o abrandamento da maior economia da Europa e a reeleição de Trump nos EUA, as perspetivas para a Alemanha são escuras. Um índice de expetativas caiu de 13,1 para 7,4 em outubro, uma queda inesperada pelos analistas, que previam uma subida para 13,2.
A confiança dos investidores alemães na maior economia da Europa piorou inesperadamente, num momento em que o país tem estado debaixo de uma nuvem negra carregada de más notícias.
Entre a reeleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, a queda do governo de três partidos e a quebra na indústria do país - o grande motor da economia nacional -, a Alemanha tem vivido últimas semanas de incerteza.
Um índice de expectativas do instituto ZEW, com os inquéritos realizados entre 4 e 11 de novembro, caiu de 13,1 para 7,4 pontos, uma reviravolta inesperada pelos economistas, que previam, aliás, uma subida marginal para 13,2 pontos. O estudo revela ainda uma "queda surpreendente" relativamente à avaliação das condições atuais da Alemanha na ótica dos investidores, que recuou 4,5 pontos.
Esta terça-feira, o presidente do instituto ZEW considerou que "as expectativas económicas para a Alemanha são influenciadas pela vitória de Trump e pelo fim da coligação". Achim Wambach referiu que há, ainda assim, uma "luz ao fundo do túnel": "nos últimos dias do período de análise, no entanto, algumas vozes mais otimistas estão a tornar-se cada vez mais vocais sobre as perspetivas económicas para a Alemanha devido à probabilidade de eleições antecipadas".
O setor industrial alemão já debilitado luta para escapar a um período que poderá vir a ser ainda mais negro, sobretudo para o setor automóvel que se prepara para uma nova ameaça: as tarifas a veículos importados prometidas pelo novo presidente dos EUA. Mas os efeitos já se faziam sentir antes, por exemplo, quando a Volkswagen admitiu vir a fechar fábricas de produção na Alemanha, o que também já se reflete nalguns dos seus fornecedores, que preparam igualmente despedimentos significativos.
No campo político a situação não está melhor. O país irá enfrentar eleições antecipadas a 23 de fevereiro, depois de na semana passada o chanceler alemão Olaf Scholz ter demitido o ministro das Finanças, Christian Lindner, que é também líder do FDP, parceiro na coligação do Governo.
Para já, economia alemã parece dar luta. A maior economia do bloco europeu escapou a uma recessão ao crescer 0,2% no terceiro trimestre. Mas, os dados relativos aos três meses anteriores foram revistos em baixa e avizinha-se a possibilidade de uma nova contração durante todo o ano.