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Vice-chanceler alemão diz que ignorar alterações climáticas é "destruir liberdade"
Numa intervenção no placo principal da Web Summit, Robert Habeck defendeu a necessidade de apostar em tecnologias limpas e salientou que negar a necessidade de combater as alterações climáticas é "destruir a possibilidade de liberdade" para as gerações futuras.
O vice-chanceler da Alemanha, Robert Habeck, defendeu esta terça-feira que a necessidade de apostar em tecnologias "limpas", sublinhando que negar a necessidade de combater as alterações climáticas é "destruir a possibilidade de liberdade" para as gerações futuras. O alerta foi deixado pelo "número dois" do Governo alemão, na Web Summit, em Lisboa.
Num painel dedicado à inovação digital e à discussão de uma visão para um progresso futuro, Robert Habeck destacou a negação do combate às alterações climáticas como "uma das maiores ameaças à liberdade" atuais que a União Europeia (UE) enfrenta. "Quem está a queimar combustíveis fósseis está a destruir a possibilidade de liberdade para outras pessoas no mundo", argumentou.
O vice-chanceler alemão, que tem a pasta da Ação Climática, salientou que reduzir o aquecimento global tem de ser um esforço coletivo e admitiu estar "farto" de ver as pessoas que tentam combater o aquecimento global a terem "de se desculpar" diante de quem não lhes quer dar ouvidos.
Na sequência da invasão da Ucrânia, Robert Habeck referiu que a Alemanha ganhou mais consciência para a necessidade de apostar em energias limpas, ao ter de encontrar novas cadeias de abastecimento. "As infraestruturas energéticas não são neutras. A energia é usada como uma arma, o comércio é agora usado como um instrumento de poder", sublinhou.
Vestido com uma t-shirt da Startup Germany, apelou aos empreendedores presentes no evento em Lisboa que continuem a trabalhar para contribuir para "um mundo mais brilhante" e alertou que, além da ameaça trazida pelas alterações climáticas, há outras ameaças à liberdade que é preciso combater. No caso da União Europeia (UE), essas ameaças colocam-se, segundo o governante, tanto no plano interno como externo.
No plano externo, destacou a guerra na Ucrânia como "uma guerra contra a liberdade e a democracia", uma vez que estão a ser atacados direitos que os europeus consideram essenciais e dão por "adquiridos". "A guerra de Putin contra a Ucrânia não tem que ver com o controlo do Leste da Ucrânia. Tem que ver com proibir um país de fazer as suas escolhas, com proibir as pessoas de viver a sua vida em liberdade", frisou o alemão.
Já no plano interno, elencou o crescimento dos movimentos populistas têm, segundo ele, "usado indevidamente problemas reais", como a imigração ou as alterações climáticas, para "destruir o espaço de discussão democrática". "O que os populistas tentam fazer é destruir o espaço para a discussão democrática. Nenhum político democrático pode pensar que ele é o único que tem a resposta certa para os problemas", vincou.
Após a intervenção no palco principal da Web Summit, Robert Habeck explicou, em conferência de imprensa, que é preciso repensar o "modelo económico e o sucesso da Alemanha", que estão fortemente dependentes das exportações. "Aprendemos da maneira mais difícil que as relações comerciais e as cadeias de abastecimento não servem apenas para fortalecer uma economia. Elas também podem ser mal utilizadas", referiu.
"Temos de recalibrar o sucesso alemão do modelo de negócios. E recalibrar significa diversificar as nossas relações comerciais, olhando para países como a Índia, Indonésia, América do Sul", concretizou. Porém, o mercado europeu continua a ser o principal destino das exportações alemãs e, por isso, diz que é "importante antes de se falar mal sobre a UE, especialmente na Alemanha, entender que [a Alemanha] é dos grandes beneficiários do mercado único".