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DBRS antecipa que a incerteza continue elevada após eleições na Catalunha
A agência de notação financeira canadiana acredita que o parlamento regional que sair das próximas eleições catalãs será "fragmentado" e antecipa que a incerteza política permaneça elevada mesmo após o acto eleitoral na Catalunha.
As eleições autonómicas que terão lugar no próximo dia 21 de Dezembro na Catalunha não permitirão suplantar a incerteza política que atinge a região. É a previsão feita pela agência de notação financeira DBRS a que o Negócios teve acesso e que antecipa que as eleições vão resultar num "parlamento regional fragmentado".
A agência canadiana antecipa que, tendo em conta a provável polarização, as negociações para a formação de governo exijam algum tempo, elevando assim o risco de novas eleições em 2018, já que se antecipa difícil encontrar uma solução governativa com apoio maioritário.
Independentemente do resultado final, a DBRS considera improvável, mesmo com uma maioria soberanista no parlamento regional, que haja uma nova declaração unilateral de independência (DUI). Nesse sentido, espera que mesmo com a persistência de um clima de indefinição política, o clima de confronto na região vai acalmar.
No entender da agência DBRS são três os factores que contribuem para a improbabilidade de uma nova DUI e que dão força a que o próximo governo da Generalitat privilegie a promoção de um referendo independentista em consonância com a ordem constitucional espanhola.
O primeiro factor assenta no facto de a DUI proclamada em 27 de Outubro se ter revelado um acto falhado, assim como na resposta posterior dada pelos agentes económicos, que de forma geral mostraram oposição em relação à via unilateral adoptada pela Generalitat.
Em segundo lugar notam a pacífica e relativamente suave aplicação das medidas adoptadas ao abrigo do artigo 155 da Constituição da Espanha, que permitiu ao governo chefiado por Mariano Rajoy assumir as rédeas da Generalitat. Por fim, a DBRS lembra que a Europa privilegia uma solução para o problema catalão conforme à ordem constitucional espanhola.
Por outro lado e tendo em conta as sondagens, que de uma forma geral apontam para uma vitória do campo independentista, a agência canadiana defende que se o bloco soberanista sair reforçado relativamente às eleições autonómicas de há dois anos o governo de Madrid terá de mostrar maior abertura para um processo de diálogo.
A provável continuação, pelo menos no curto prazo, de incerteza e instabilidade política na região leva a DBRS a reiterar a importância de, perante uma vitória do campo soberanista, Madrid abrir margem para uma via negocial que contribua para que as forças catalãs independentistas renunciem opção do confronto.
Apesar da incerteza, para a DBRS o bom momento da economia espanhola não será afectado, desde logo porque até aqui as principais consequências das acções independentistas tiveram essencialmente reflexo na região da Catalunha.
Já os bancos espanhóis, em especial os que têm maior ligação à Catalunha, não tiveram nenhum impacto material apesar da volatilidade sentida durante as semanas a seguir à DUI, acrescenta a DBRS.