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Aprovação da próxima Comissão Europeia "mostra que o centro se segura", diz Von der Leyen
Equipa Von der Leyen foi aprovada com apenas 370 votos favoráveis, numa das mais curtas maiorias da história dos executivos europeus.
Ursula von der Leyen defende que o voto de aprovação da próxima Comissão Europeia, obtido nesta quarta-feira para um colégio de comissários cuja composição é encarada como sinal de uma movimentação das instituições da União Europeia para o centro-direita, é a prova de que "o centro se segura".
Von der Leyen obteve a aprovação do novo colégio de comissários para os próximos cinco anos com uma curta maioria na votação, marcada por várias divisões dentro dos grupos políticos do Parlamento Europeu em torno da atribuição de uma vice-presidência a Raffaele Fito, da extrema direita italiana, mas também por questões nacionais, com delegações dentro do próprio Partido Popular Europeu a absterem-se, como foi o caso das delegações de Espanha ou Eslovénia. Ainda assim, não houve desta vez o chumbo de qualquer comissário, pela primeira vez.
O próximo executivo de Bruxelas recebeu 370 votos favoráveis, 282 votos contra e 36 abstenções na votação dos eurodeputados, em Estrasburgo. É um dos menores números a sustentar uma aprovação na história de executivos europeus, em forte contraste com o resultado alcançado pela primeira Comissão Von Der Leyen, então com 461 votos a favor, 157 votos contra e 89 abstenções.
"Hoje é um bom dia para a Europa, porque o voto mostra que o centro se segura. Estou muito grata pela confiança expressada pelo Parlamento quanto ao novo colégio. O voto do Parlamento Europeu permite que comecemos agora, a 1 de dezembro, e é tempo de nos prepararmos. Estamos ansiosos por começar", declarou a presidente da Comissão na conferência de imprensa após a votação.
A equipa de comissários - entre os quais a portuguesa Maria Luís Albuquerque, com a pasta dos Serviços Financeiros - prepara-se assim para começar a a trabalhar a partir da próxima semana numa agenda que é reconhecidamente difícil num período em que o bloco europeu surge fragilizado economicamente, a perder relevância industrial, e em que continua a enfrentar a ameaça da guerra na Ucrânia, em resultado da invasão russa.
Soma-se aos problemas europeus a vitória presidencial de Donald Trump nos Estados Unidos. Questionada sobre quando pretende reunir-se com o futuro inquilino da Casa Branca, Von der Leyen preferiu destacar a autonomia dos 27, embora prometendo cooperação construtiva com a próxima administração norte-americana.
"Como com qualquer administração do EUA, é importante que a União Europeia tenha uma cooperação construtiva e constante. Como sabem, tive uma primeira conversa telefónica com o Presidente eleito e trabalharei também arduamente para que haja uma cooperação construtiva com a (próxima) Administração dos EUA. Mas não se enganem: os tópicos que estão em discussão - por exemplo, a segurança e o investimento na nossa segurança, ou a competitividade e prosperidade na relação com os nossos concorrentes - são o trabalho de casa que temos de fazer, é a nossa responsabilidade como União Europeia. Ninguém tem de dizer-nos o que fazer. Sabemos onde há necessidade de ser ativo e mudar as coisas para melhor", defendeu.