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Ao contrário da maioria dos países europeus, Portugal investiu menos em tecnologia este ano

Enquanto a Europa aumentou os seus investimentos em tecnologia e bateu recordes, Portugal diminuiu significativamente o capital investido em novas tecnologias. Ainda assim, tem aumentado a percentagem de ofertas de emprego na área da tecnologia.

09 de Dezembro de 2020 às 13:47
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Apesar da crise económica a nível mundial, a covid-19 levou a um aumento dos investimentos em tecnologia na Europa. Só este ano foi investido um recorde de 38,6 mil milhões de dólares nesta área, o que assinala a importância do digital nos dias que correm, de acordo com o relatório "Estado da Tecnologia Europeia 2020" desenvolvido pela Atomico.

Contudo, embora a tecnologia europeia tenha registado níveis de investimento recorde - incluindo de investidores americanos – esta tendência não é comum a todos os países europeus, uma vez que o investimento em Portugal e na vizinha Espanha diminuiu significativamente.

Entre 2016 e 2020, a Suécia foi o país europeu onde o capital investido per capita (pc) foi mais elevado, sendo que foram investidos 909,9 dólares por pessoa. Portugal investiu 34,1 dólares per capita, um valor inferior à média europeia, de 172 dólares pc.

O nível de capital investido por país nos últimos cinco anos dá uma ideia da escala relativa dos diferentes mercados. Ao contrário do que tem ocorrido na maioria dos países europeus, o capital investido em empresas de tecnologia em Portugal foi oscilando desde 2016, sendo que no presente ano se investiram 49 milhões de dólares, uma diminuição de 117 milhões de dólares face ao ano de 2019.

Nos últimos cinco anos, os investimentos tecnológicos têm evoluído a passos largos, sendo que se investiu três vezes mais dinheiro na Europa este ano do que em 2015. Existindo, desta forma, sinais de esperança para os ecossistemas tecnológicos de Espanha e de Portugal.

Com a crise pandémica, as práticas laborais sofreram alterações profundas. "No prazo de dois meses houve uma transformação digital que só seria possível ocorrer em dez anos", garantiu o CEO da Microsoft, Satya Nadella, no final de abril.

Com uma taxa de crescimento anual de 20% nos últimos cinco anos, a Europa ainda não ultrapassa em investimentos tecnológicos a América do Norte (141 mil milhões de dólares investidos) e a Ásia (73,9 mil milhões de dólares), no entanto continua a evoluir.

A Europa é atualmente responsável por 40% de todo o capital investido a nível global e conta com mais de 140 mil startups. A Estónia é a clara vencedora a nível europeu, tendo 4,6 vezes mais startups per capita do que a média europeia (190 por um milhão de habitantes). Já Portugal encontra-se em 20º lugar neste ranking, tendo 130 startups por um milhão de habitantes.

As empresas com sede na Europa, em 2020, começaram a preocupar-se mais com questões sociais, de igualdade e ambientais, investindo capital em causas e evitando negociações com companhias pouco éticas. O enfoque dos cidadãos e dos decisores políticos na ação climática acelerou ainda mais o papel deste propósito como diferenciador da tecnologia europeia.

O movimento "Black Lives Matter" fez aumentar os baixos números da diversidade étnica da Europa, enquanto o progresso na diversidade de género estagnou. 


A Europa tem em 24 dos seus países, nos quais se inclui Portugal, empresas de tecnologia avaliadas em mais de mil milhões de dólares. Estas empresas tendem agora a não se concentrarem nas capitais europeias, sendo que em Portugal existem duas empresas a faturar mil milhões na região de Santarém.

Nos últimos 12 meses, em Portugal tem aumentado a percentagem de ofertas de emprego na área da tecnologia face às ofertas de emprego não tecnológicas, o que demonstra uma alteração no paradigma do trabalho. Em outubro deste ano, 5,8% das ofertas de trabalho existentes em território português eram para tarefas ligadas à tecnologia. O único país europeu com uma percentagem mais elevada que Portugal foi a Espanha, onde 6,4% das ofertas de emprego existentes dizem respeito a cargos tecnológicos.

Ainda assim, em Portugal por um milhão de habitantes somente 7,2% desempenham funções tecnológicas. Em França essa percentagem sobe para 43,9%, segundo dados do relatório "Estado da Tecnologia Europeia 2020" desenvolvido pela Atomico.

 

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