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Europa "está longe" do pesadelo da estagflação de 1970, defende BCE

Os especialistas da autoridade monetária admitem que "atualmente, a Zona Euro enfrenta um choque na oferta, semelhante ao choque do petróleo dos anos 1970", mas afastam um cenário de estagfação semelhante.

O Banco Central Europeu quer saber de que forma as instituições financeiras estão preparadas para lidar com choques financeiros e económicos resultantes das alterações climáticas.
Kai Pfaffenbach/Reuters
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A Europa "está longe de um cenário de estagflação" como o que foi assistido em 1970, defendem especialistas do Banco Central Europeu (BCE) no outlook económico publicado esta quarta-feira pela autoridade monetária.

 

Malin Andersson, Niccolò Battistini, Roberto De Santis e Aidan Meyler admitem que "atualmente, a Zona Euro enfrenta um choque na oferta, semelhante ao choque do petróleo dos anos 1970, que afetou as expectativas das famílias sobre o crescimento económico e a inflação", ainda assim advertem que "ao contrário de hoje, o início da década de 1970 foi caracterizado por uma inflação persistente de preços e custos, numa altura de abrandamento económico e aumento do desemprego".

 

Ora, atualmente e ao contrário do que se passou nos idos anos 1970 "a dependência do petróleo diminuiu substancialmente, reduzindo o potencial impacto económico dos choques nos preços do petróleo, ao mesmo tempo que a dependência do gás aumentou substancialmente, pelo que os choques externos aos preços do gás agora desempenham um papel mais importante", recordam os especialistas.

 

O outlook destaca ainda que "as projeções atuais relativas ao crescimento real do PIB ainda refletem em parte uma recuperação da procura após a pandemia." "Tal está a ser impulsionado não só pela reabertura da economia, mas também pelo apoio político (através dos programas de empréstimos da UE, por exemplo)".

 

As previsões mais recentes de vários analistas e casas de investimento, citados pelo banco central apontam para o crescimento da inflação e um abrandamento do PIB para este ano e para o próximo. "Para 2023, no entanto, a previsão real de crescimento do PIB da Economia permanece acima de 2% e apenas três prognósticos esperam crescimento abaixo de 1%", frisa o relatório.

 

Na última reunião, o Conselho de Política Monetária do BCE reviu em alta a estimativa de inflação na Zona Euro este ano, prevendo agora um valor de 6,8%. Já o crescimento no bloco da moeda única deverá ficar nos 2,8%, significativamente abaixo dos valores anteriormente estimados (3,7%).

 

Em relação à inflação, a autoridade monetária projeta que no próximo ano esta desacelere para 3,5% e 2,1% em 2024, ainda acima da meta dos 2%. Estes valores são superiores aos das projeções divulgadas em março, quando o BCE apontava para uma taxa de inflação de 5,1% este ano, de 2,1% em 2023 e 1,9% em 2024.

 

Embora as previsões de inflação desde o início da guerra sejam para que fique acima de 2% em média em 2023, a maioria dos analistas espera que a inflação caia abaixo de 2% no segundo semestre de 2023. No entanto, a incerteza aumentou, e a dispersão das previsões também. Os coeficientes de variação tanto para a inflação quanto para as previsões de crescimento aumentaram mais de 30% e 50% respetivamente desde o início da guerra.

 

Finalmente, "em comparação com as estratégias implementadas pelas várias autoridades monetárias nacionais na década de 1970, a estratégia de política monetária da Zona do Euro de hoje visa ancorar as expectativas de inflação e levar a inflação a 2% no médio prazo", rematam os quatro economistas.

 

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