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Máquinas e robôs podem levar 1,8 milhões de portugueses a mudar de emprego

Estudo admite risco de destruição de 1,1 milhões de empregos na indústria e no comércio, com criação noutros setores. Cerca de 1,8 milhões de pessoas terão de melhorar competências ou mudar de emprego até 2030. CIP defende aposta na formação de adultos.

Bruno Simão/Negócios
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A automação pode levar à perda de 1,1 milhões de postos de trabalho até 2030, sobretudo na indústria e no comércio, num dos cenários de um estudo que é apresentado esta quinta-feira. Mas em setores da saúde, de assistência social, da ciência ou em profissões técnicas deverão ser criados centenas de milhares de novos postos de trabalho. "Cerca de 1,8 milhões de trabalhadores necessitarão de melhorar as suas competências ou mudar de emprego até 2030", conclui o estudo promovido pela Confederação Empresarial (CIP), que defende que é preciso apostar em formação de adultos.

Elaborado pelo McKinsey Global Institute e pela Nova School of Business and Economics, o estudo começa por concluir que Portugal "tem um relativamente alto potencial de automação, devido ao peso da indústria transformadora e às tarefas repetitivas" em vários setores. Os autores calculam que metade do tempo despendido nas atuais atividades laborais poderia ser automatizado.

Em 2030, de acordo com um resumo das conclusões, essa percentagem subirá para 67%. E num cenário em que apenas 26% do tempo de trabalho é automatizado, "a adoção da automação poderá levar à perda do equivalente a 1,1 milhões de postos de trabalho até 2030, com maior incidência nos setores da indústria e do comércio".

Ainda há duas semanas, o Banco Mundial criticava os cenários catastrofistas, sublinhando que também há empregos que serão criados. O autores do estudo que hoje é apresentado concluem que, em contrapartida, a automação "e o crescimento económico" poderão criar entre 600 mil e 1,1 milhões de novos postos de trabalho até 2030, em especial na saúde, assitência social, ciência, profissões técnicas e construção.
Fazendo as contas a partir da síntese das conclusões – o estudo completo não foi disponibilizado – chegaríamos a uma destruição líquida de 250 mil postos de trabalho (entre nenhum e 500 mil). Mas António Saraiva, presidente da CIP, prefere não ir por aí, respondendo que se sente globalmente "otimista".

"Isto é um alerta", justifica António Saraiva, sublinhando que os cenários variam, naturalmente, em função das decisões e das reações dos empregadores. "Pretende chamar a atenção para a dimensão do que temos pela frente, da perda de postos de trabalho e da criação também. Temos de dar à perna e requalificar, reestruturar, redimensionar". "Vamos ter uma enorme necessidade de formação de adultos", prossegue. "Até agora temos estado preocupados com a formação dos jovens. Mas vai ter de haver uma política pública – à qual os privados vão ter de aderir – para uma campanha de formação de adultos significativa". Através de fundos comunitários ou de parcerias entre o setor público e privado, sustenta.

No estudo foram analisadas "cerca de 800 ocupações e cerca de 2.000 tarefas" de diversos setores. Foram ainda identificadas "18 competências de base necessárias para o desempenho de qualquer posição" e analisada a capacidade de automação de cada uma delas. O estudo integra-se numa reflexão que tem vindo a ser promovida por diversas instituições, incluindo pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).
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