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WSJ corrige relação temporal dos números do desemprego em Portugal

O secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Bruno Maçães, não concordou com os valores utilizados pelo jornal norte-americano para falar do desemprego em Portugal. Pediu que fossem corrigidos. O WSJ fez uma adenda dizendo que a base de comparação é de 2009 e não 2011.

Miguel Baltazar/Negócios
21 de Julho de 2015 às 01:48
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Bruno Maçães (na foto) publicou esta segunda-feira às 23h57, hora de Lisboa, uma mensagem na sua conta de Twitter dando conta da satisfação pelo facto de o The Wall Street Journal ter feito uma nota sobre os valores do desemprego em Portugal. Isto depois de o secretário de Estado dos Assuntos Europeus ter dito que os dados usados eram preliminares (de Maio) e que deviam ter sido usados os últimos valores definitivos, que eram os de Abril. Avisou o jornal norte-americano, que fez uma adenda, mas sem alterar os números.


O referido artigo do The Wall Street Journal tem agora uma nota no fim, intitulada ‘correcções e aditamentos’, onde faz uma adenda que agradou a Bruno Maçães.


"Fico muito satisfeito por ver que o WSJ admitiu o seu erro quanto aos números do desemprego em Portugal. Digo mesmo que isto me torna um orgulhoso assinante [do jornal]", escreveu o secretário de Estado dos Assuntos Europeus.


discussão em torno dos números do desemprego voltou à agenda com a entrevista concedida pelo primeiro-ministro à SIC, onde fez um balanço do seu Governo e falou dos números do emprego, que não batem certo com as contas feitas pela oposição. Em causa estão diferentes interpretações e datas utilizadas nos dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística.


Quando o Governo de José Sócrates tomou posse em 2005 a taxa de desemprego era 8,7% (primeiro trimestre de 2005). Quando o PSD e o CDS se tornaram Governo a taxa havia subido para 12,6% (primeiro trimestre de 2011). Os dados são apresentados pelo Eurostat e não ajustados a sazonalidade. E é a eles que o primeiro-ministro recorre, comparando-os aos dados disponíveis do mês de Abril de 2015, onde o desemprego se aproximava dos 12,8%.

Já a repórter do Wall Street Journal correspondente em Lisboa, Patricia Kowsmann, escreve a peça com números menos optimistas, apresentando os valores de Maio, ainda a título de estimativa, mas com um resultado menos favorável ao Governo de Passos Coelho, com uma taxa de desemprego a 13%.


O jornal norte-americano descreve no título "Portugal na estrada para a recuperação antes do resgate económico, mas as cicatrizes mantêm-se". O secretário de Estado dos Assuntos Europeus não gostou dos dados apresentados pelo jornal e escreveu na sua página pessoal que os níveis de desemprego "estão agora nos mesmos níveis que estavam antes do resgate financeiro", fazendo notar que a peça "ainda não foi corrigida" e argumentando que os números apresentados com base nos valores de Maio são ainda "preliminares".


Entretanto, o jornal, na sua adenda, especifica que os valores usados têm como fonte o Eurostat e admite uma incorrecção, não nos valores mas sim na relação temporal: comparou-os com valores pré-resgate (2011) quando afinal a comparação é relativa à média de 2009 (antes da crise em Portugal):

"Portugal’s unemployment rate of 13.5% for the first quarter of this year is about three percentage points higher than the 10.7% average in 2009, before the country’s debt crisis began, according to Eurostat. The earlier version incorrectly said it was three points higher than pre-bailout levels, and also failed to specify the numbers were rounded and the source of the data. (July 20, 2015)"

Na peça original, estava contudo o dado preliminar de Maio de 2015, com o desemprego nos 13%, e na peça definitiva o WSJ preferiu indicar os dados do primeiro trimestre, que colocam a taxa nos 13,5%.



Notícia actualizada às 14:26 para correcção de gralha no título.

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