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Ser despedido é pior do que um divórcio

“Não está a funcionar” talvez seja uma das frases mais dolorosas de ouvir, porque leva a meses de angústia e noites em claro. Mas é ainda pior quando esta frase vem do chefe.

Bruno Simão/Negócios
29 de Abril de 2017 às 17:00
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Funcionários despedidos nunca conseguem recuperar completamente o nível de bem-estar, um indicador que inclui saúde mental, auto-estima e satisfação com a vida, de acordo com dados fornecidos à Bloomberg, com base numa análise de mais de 4.000 relatórios.

 

Perder um emprego pode ser um golpe duro, capaz de causar uma queda maior na satisfação com a vida do que enviuvar ou se divorciar, de acordo com a análise, realizada pela Universidade de East Anglia e do What Works Center for Wellbeing, um órgão independente criado pelo Governo do Reino Unido.

 

Pessoas desempregadas ficam cada vez mais infelizes à medida que passam os anos. A sua maior esperança é encontrar um novo trabalho permanente - de preferência, com salário alto e muito prestígio - que consiga aliviar parte do choque.

 

Pessoas que perdem um parceiro, por outro lado, podem recuperar. "Depois que se perde um parceiro, [o bem-estar] cai profundamente e depois, regra geral, volta aos níveis anteriores", disse Tricia Curmi, do What Works Center for Wellbeing. "No entanto, não observamos isso em relação ao desemprego."

 

O bem-estar dos homens britânicos volta aos níveis normais dois anos após a perda de um cônjuge e quatro anos após o fim de um relacionamento. Mas e com a perda do emprego? Esse bem-estar continua a cair durante mais de quatro anos. Os homens têm maior probabilidade de sofrer mais com esse abalo do que as mulheres.

 

As pessoas podem superar lutos e divórcios. A empolgação de conhecer uma pessoa nova após uma separação pode fazer o coração disparar, mas as pessoas continuam a sofrer com o desemprego, de acordo com uma meta-análise de pesquisas realizada em 2011 por académicos da Universidade Livre de Berlim.

 

Não há provas suficientes para afirmar irrefutavelmente por que ser despedido é tão devastador, mas especialistas vinculam isso à importância que damos a ter um emprego significativo. "Nesta sociedade, ter um objectivo na vida significa estar a trabalhar, contribuindo e ter esse status", disse Curmi.

 

Apesar de resmungarem, as pessoas dão realmente importância ao trabalho que têm e ao apoio social que recebem dos colegas de trabalho.

 

Quase metade dos trabalhadores do Reino Unido está satisfeita com seu emprego e apenas 25% está insatisfeito, de acordo com um relatório publicado no mês passado pelo Chartered Institute of Personnel and Development, uma associação de recursos humanos.

 

O impacto de se ser despedido é particularmente acentuado entre trabalhadores mais jovens, mostra a pesquisa.

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