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Prémio salarial associado à licenciatura caiu desde 2010. Informática tem prémio mais alto
Estudo do PlanApp revela que "uma redução dos prémios salariais médios associados ao ensino secundário e à licenciatura". As maiores quedas deram-se em ciências veterinárias e humanidades. Em sentido contrário, informática que a área que registou o maior aumento no prémio salarial.
Os prémios salariais, entendidos como o acréscimo salarial atribuível a um nível extra de ensino, têm vindo a reduzir-se, nos últimos 20 anos, para os trabalhadores com ensino secundário ou licenciatura. A conclusão é de um estudo do Centro de Planeamento e Avaliação de Políticas Públicas (PlanApp), divulgado esta terça-feira, que revela que são as áreas da tecnologia e conhecimento que têm prémios salariais mais elevados.
O estudo do PlanApp revela que, entre 1991 e 2021, houve "uma redução dos prémios salariais médios associados ao ensino secundário e à licenciatura". A licenciatura oferecia, no início dos anos 2010, um prémio salarial na ordem dos 47% face ao ensino secundário, tendo esse valor caído entretanto para 40%. Já o prémio salarial dos trabalhadores com o secundário atingiu o pico em 2006 e ronda agora "cerca de 15%".
"Entre 2010 e 2021, os trabalhadores com ensino secundário e com licenciatura que ganham prémios mais baixos aumentaram o seu peso relativo no conjunto dos trabalhadores com o mesmo nível de ensino, muito embora os prémios muito altos não tenham desaparecido. Como consequência, estes níveis de ensino tornaram-se mais desiguais em termos do prémio salarial que lhes está associado", refere o estudo.
Entre as áreas de estudo onde se verificaram as maiores quedas nas últimas duas décadas destacam-se as ciências veterinárias e humanidades, com os valores dos prémios salariais a diminuírem para níveis inferiores a 40%. Em sentido contrário, foi na informática que se registou o maior aumento, com um prémio salarial de 50%, "disputando, em 2021, a primeira posição com a licenciatura em matemática e estatística".
Essa dinâmica reflete "um aumento da procura por competências especializadas e técnicas" em áreas como tecnologias de informação e comunicação e ciências exatas e da saúde, bem como "a sua revelância crescente no mercado de trabalho moderno". Por outro, destaca-se uma "redução acentuada da posição relativa das áreas de estudos associadas à educação (formação de professores e ciências da educação) em termos dos prémios salariais".
Segundo o PlanApp, essa evolução pode resultar "em valores críticos com impacto, a prazo, na oferta de trabalhadores com este tipo de competências no mercado de trabalho".
Por outro lado, ao mesmo tempo se observa uma redução significativa nos prémios salariais do ensino secundário e licenciatura, "os prémios do mestrado (e, ainda que de modo menos robusto, do doutoramento) têm aumentado" nos últimos anos. Houve ainda uma tendência de subida do prémio salarial no ensino pós-secundário não superior (versus o secundário), "ainda que somente impulsionado pelo prémio médio dos homens".
Além das tecnologias da informação e comunicação, ciências exatas e da saúde e engenharia, merecem também atenção, no que toca aos mestrados, as ciências empresariais e direito, que oferecem prémios salariais mais altos.
Essa alteração nos prémios salariais acompanha a nova composição da força de trabalho em Portugal, que "mudou substancialmente nas últimas décadas". A proporção de trabalhadores com ensino básico reduziu-se em quase metade desde 1991 (passando de 85% para 45% do total), enquanto a proporção de trabalhadores com ensino superior foi multiplicada por 10 (para 25% do total).