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Carlos Silva da UGT aconselha Arménio da CGTP a "evoluir" nas ideias

O líder da UGT dá uma entrevista ao Público em que critica a falta de espírito de compromisso da central sindical liderada por Arménio Carlos, e sublinha que já passaram 100 anos sobre o Outubro de 1917. Não dá como certo o aumento do salário mínimo em 2018.

Negócios 02 de Fevereiro de 2017 às 10:11
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Carlos Silva, o líder da UGT, faz um balanço da actual situação política e das consequências do recente imbróglio político em torno do chumbo da descida da TSU no Parlamento. No mês passado, PCP, Bloco de Esquerda e PSD forçaram o Governo a encontrar uma descida do Pagamento Especial por Conta em sede de IRC para compensar os patrões dos efeitos do aumento do salário mínimo nacional, para assim poder honrar um acordo de concertação social que tinha merecido o apoio do patronato, da central sindical mais próxima do PS, e a oposição da CGTP.

Na entrevista ao Público, Carlos Silva lamenta o episódio, que enquadra no facto de vivermos "num quadro político atípico na sociedade portuguesa nos últimos 43 anos" e diz que daqui para a frente "caberá ao Governo noutras posições e noutras negociações acautelar o que neste momento não acautelou".

A atitude compreensiva para com as condicionantes da acção política dos vários intervenientes neste caso – partidos, governo e patrões – não chega às opções assumidas pela CGTP. Na entrevista Carlos Silva não poupa a central sindical liderada por Arménio Carlos, que acusa de falta de cultura de compromisso e não perceber bem os desafios da concertação social no século XXI.

É essa falta de cultura de compromisso, a posição de auto-exclusão em que se coloca, que leva de resto a CGTP a alinhar com PCP e Bloco de Esquerda na ideia de que os principais temas laborais têm de ser decididos no Parlamento e não em sede de concertação social. "Queriam desviar [esses temas] para o Parlamento, sempre foi essa a vontade manifestada por estes partidos [Bloco de Esquerda e PCP], e aqui a CGTP, verdade seja dita, nunca enganou ninguém. A CGTP defendeu sempre que um conjunto de matérias deveriam ser discutidas no Parlamento. Porquê? Porque se nunca está disponível para acordos, se não cultiva o espírito do compromisso, porque é que a Concertação Social é que vai discutir um conjunto de situações em que a CGTP sempre defendeu que há um desequilíbrio nos parceiros?", questiona o líder da UGT que não alinha por essa ideia de desequilíbrio. O problema, diz, está na CGTP, que ideologicamente vê a concertação sempre numa lógica "’Eles é que são os patrões, eles é que levam a melhor’".

O tema voltará ainda à entrevista um pouco mais à frente, para Carlos Silva se defender das críticas, que chegam muitas vezes da sua esquerda, que apontam que a UGT acaba por alinhar com os patrões ou com o governo que estiver em funções. "E não está?", perguntam os jornalistas Vítor Costa e Raquel Abecassis.

"Não. Estamos ao lado dos trabalhadores, estamos ao lado país, porque as empresas fazem parte do país e as empresas não são só os empresários. Costuma dizer-se, como disse o secretário-geral da CGTP, os empresários, os empregadores é que são os nossos adversários. Para nós não são adversários. Podem ser um complemento. Estamos no século XXI, uma empresa é o empresário, são os seus quadros intermédios e são os trabalhadores. Os trabalhadores precisam de emprego. Quem é que lhes dá emprego? É nesta articulação de respeito que estamos mergulhados", defende Carlos Silva, que segue deixando um conselho: "O Outubro de 1917 já foi há quase 100 anos, há ideias que não se perderam, mas temos de evoluir". "É isto que defendemos na Concertação Social, princípio do compromisso sem ceder a chantagens", remata.

O líder da UGT deixa ainda claro que "não lhe passa pela cabeça" que a adenda ao acordo de concertação social que troca a descida da TSU pela do PEC venha a ser assinada pela CGTP, que não fez parte do acordo inicial.

Sobre o futuro do salário mínimo, escolhe não se comprometer, apesar do acordo entre o Governo e o Bloco de Esquerda prever um aumento para os 580 euros em 2018 e 600 euros em 2019. "Vamos aguardar até ao final do ano para ver que condições é que há para avançar com o acordo que o PS sufragou com o Bloco de Esquerda para passar para os 580 euros. Vamos aguardar. Não sabemos. Mas isso é naturalmente uma decisão política que terá de responder à realidade da economia. Isso só vamos ver no final do ano".

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