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Engenheiro, médico e linguistas estrangeiros disputam Universidade do Porto
O actual reitor Sebastião Feyo de Azevedo enfrenta a concorrência do director de uma das escolas de Medicina e de dois académicos provenientes de Cambridge e do Cazaquistão. A votação secreta está marcada para 27 de Abril.
Sebastião Feyo de Azevedo, António Sousa Pereira, Peter James Godman ou Xose Rosales Sequeiros. Um destes professores e investigadores doutorados vai ser o próximo reitor da Universidade do Porto (UP), onde este ano lectivo estão matriculados perto de 30 mil estudantes (dos quais mais de quatro mil são estrangeiros) e que emprega cerca de 2.300 professores e investigadores e outros 1.700 funcionários.
A votação, presencial e secreta, está agendada para esta sexta-feira, 27 de Abril, três dias depois das audições aos quatro candidatos – Allen G. P. Ross também chegou a ser admitido, mas o académico canadiano estabelecido na Austrália afastou-se da corrida alegando "questões pessoais", disse ao Negócios fonte oficial. Para já, a única certeza é que a academia portuense vai continuar a ser liderada por um homem, tal como acontece desde que foi criada oficialmente a 22 de Março de 1911, logo após a implantação da República em Portugal.
Pela primeira vez, há mais do que um candidato de nacionalidade estrangeira para liderar a instituição de Ensino Superior, que conta actualmente com 14 faculdades dispersas por três pólos. Nesta decisiva reunião fechada do Conselho Geral, órgão presidido por Artur Santos Silva, vão votar 23 membros: 12 representantes dos professores e investigadores, quatro estudantes, um funcionário não docente e ainda seis personalidades externas "de reconhecido mérito". Além do fundador e ex-chairman do BPI, foram cooptados Francisca Carneiro Fernandes, José António de Sousa Lameira, Maria Geraldes, Pedro Silva Dias e Sérgio Guedes Silva.
Procura-se estratégia e valores
Para ser eleito para um mandato de quatro anos, o candidato a órgão supremo de governo e de representação externa da Universidade deve obter o voto de mais de metade dos elementos do Conselho Geral. Se nenhum deles conseguir a maioria numa primeira ronda, realiza-se uma segunda volta com os dois elementos mais votados. O futuro líder desta instituição, que em Março assinou acordos com 55 municípios portugueses para reservar licenciados para as PME "da terra", deve exercer funções em regime de dedicação exclusiva.
No edital de abertura do processo, assinado por Artur Santos Silva a 16 de Fevereiro, o Conselho Geral definiu que o candidato a reitor "deve ser uma personalidade de reconhecido mérito e com experiência profissional relevante para as funções; possuir visão estratégica adequada à prossecução da missão e fins da Universidade do Porto; e ter demonstrada capacidade de promotor de valores humanísticos e científicos num ambiente de colegialidade e inclusão".
Depois de, há quatro anos, ter vencido à segunda volta contra António Fernando Silva e João Proença (então directores das Faculdades de Ciências e de Economia, respectivamente) e ainda um professor indiano desconhecido na academia, Rajesh Arora, o antigo líder da Faculdade de Engenharia (FEUP), Sebastião Feyo de Azevedo, concorre novamente ao cargo. Agora com 66 anos, devido à limitação legal tentará cumprir um segundo e último mandato à frente da Universidade, que no final de 2017 vendeu o antigo colégio Almeida Garrett ao grupo que construiu o pavilhão do Sporting, por um valor de 6,1 milhões de euros.
Dez anos mais novo, António Sousa Pereira quer ser o 19.º reitor na história da UP – Francisco Gomes Teixeira, que dá nome à praça onde se situa o edifício da Reitoria, foi o primeiro a ocupar este cargo de governação, entre 1911 e 1917. Professor catedrático, fez o internato no Hospital de Santo António, tem uma longa carreira académica e dirige, desde 2003, o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), a segunda faculdade de Medicina da Universidade do Porto.
Passaporte britânico no bolso comum
Nascido em Auckland, Nova Zelândia, em Fevereiro de 1955, Peter James Godman tem também nacionalidade britânica e é um dos dois estrangeiros que se candidataram ao lugar. É doutorado em Línguas Modernas e Medievais pela Universidade de Cambridge, entre 2002 e 2016 deu aulas na Universidade de Roma I, La Sapienza, em Itália, sendo desde 2016 responsável pelo Seminário de Inteligência da Faculdade de História da reputada instituição do Reino Unido em que fez o doutoramento. Interdisciplinaridade e internacionalização são os dois principais eixos do plano de acção proposto ao Conselho Geral.
Xose Rosales Sequeiros, igualmente detentor de dupla nacionalidade (espanhola e britânica), quer imitar o percurso do compatriota Ramon O'Callaghan, que em Maio de 2015 foi contratado para liderar a Porto Business School, e trocar também Astana, a capital do Cazaquistão, pela cidade Invicta. De origem galega, doutorou-se em 2004 em Línguas Aplicadas pela Universidade de Greenwich e actualmente está a dar aulas de Multilinguismo e a investigar nas áreas de Comunicação Intercultural e Educação Multilingual na Universidade que adoptou o apelido do presidente cazaque, Nursultan Nazarbayev.