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Um discurso: Uma esquerda revoltada, uma direita satisfeita

Cavaco Silva anda "distraído". "Falou do cisco e esqueceu-se do elefante". Foram reacções da esquerda ao discurso de 25 de Abril do Presidente da República. Um discurso "mobilizador e realista", nas palavras da direita.

25 de Abril de 2012 às 13:37
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Cavaco Silva não falou dos reais problemas dos portugueses, na opinião dos partidos de esquerda do Parlamento. Para os representantes da direita, e do arco do Governo, o discurso foi totalmente realista e até “altamente mobilizador”.

Uma união dos portugueses para que mostrarem ao mundo o que Portugal tem. Foi o apelo do Presidente da República no discurso de 25 de Abril. As reacções, após a cerimónia de comemorações dos 38 anos de liberdade, foram distintas.

PCP e o cisco em vez do elefante

“Creio que o Presidente da República falou do cisco e esqueceu-se do elefante”, comentou aos jornalistas Jerónimo de Sousa. O líder comunista considerou que, no seu discurso, Cavaco Silva “passou como gato sobre brasas em relação aos problemas” que afectam os portugueses.

“Fugiu às causas, às responsabilidades, aos verdadeiros problemas e às verdadeiras soluções”, acusou Jerónimo de Sousa, dizendo que deveria “situar-se na realidade” que o país vive.

Verdes e a ausência de realidade de Cavaco

Heloísa Apolónia, do partido Os Verdes, também considera que Cavaco Silva “anda distraído” e “desconexo da realidade”. E, para a deputada ecologista, a um Presidente da República “compete aperceber-se da verdadeira realidade do país”.

Cavaco Silva não o fez e é, por isso, um Presidente “que não perspectiva um futuro diferente”, segundo a deputada. “E o povo português está a reclamar um futuro diferente”, acrescentou.

BE e o limite aos sacrifícios de há um ano

Francisco Louçã, coordenador do Bloco de Esquerda, não criticou o que foi dito, mas aquilo que ficou por dizer. Relembrando o discurso de há um ano, quando Cavaco Silva falou dos limites aos sacrifícios dos portugueses, Louçã indicou que, neste momento, aquilo que se pede aos portugueses já não é suportável.

Ainda assim, o representante bloquista elogiou o tema do dicurso, dizendo que “Portugal precisa de discursos positivos”. “Precisamos de mobilização. Positivo é o que falta ao nosso país”, continuou. Disse, contudo, que uma “resposta positiva é acabar com a austeridade violenta, cruel, que diminui a economia e que ataca o emprego”.

PSD e o discurso altamente mobilizador

“Foi um discurso altamente mobilizador, tentando unir os portugueses em volta das capacidades que temos”, reagiu Luís Montenegro, líder parlamentar social-democrata, no final das cerimónias.

“O desafio que temos pela frente é enorme: o Presidente da República não o escondeu. As dificuldades são imensas: o Presidente da República também não o escondeu”, continuou Montenegro.

Por isso, Luís Montengro acrescentou que “é importante” que as palavras de Cavaco Silva sejam ouvidas, para que depois se possam materializar.

CDS e a realidade

Do lado do CDS, Nuno Magalhães também disse que houve um discurso “realista e mobilizador” por parte do Chefe de Estado.

As palavras de Cavaco Silva realçam “a necessidade de coesão interna”. “Que dessa coesão possa resultar uma maior credibilidade externa, apostando em sectores fundamentais, como o produtivo, o turismo e os exportadores”, continuou o líder da banca popular.

PS e a análise que ficou por fazer

Os socialistas assinalam como ponto positivo aquilo que hoje foi dito por Cavaco Silva. Esse discurso positivo é uma opção que Carlos Zorrinho, líder parlamentar do Partido Socialista, vê com bons olhos. “Tenho pena é que o Presidente da República não tenha usado essa opção noutras circunstâncias”, criticou.

“Ficou por fazer outra análise”, avançou ainda Zorrinho. A da situação actual do país, concretizou, referindo novamente que poderá haver um “ruptura democrática”, caso o Governo venha a pôr em causa a “defesa da escola pública, a defesa do edifício do Serviço Nacional de Saúde, a defesa de um país justo e equitativo”. “Em relação aos quais estamos completamente mobilizados, mesmo que implique não acompanhar o Governo”, alertou o socialista.
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