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UE pode rotular Brexit sem acordo como "desastre natural" para desbloquear fundos
A União Europeia está a levantar a hipótese de utilizar fundos, até agora reservados para fazer frente a desastres naturais, para responder a desequilíbrios económicos provocados por uma saída "dura" do Reino Unido.
A União Europeia (UE) está a considerar classificar o Brexit, na eventualidade de este ocorrer sem acordo, como um desastre natural. O objetivo seria libertar os fundos de emergência para auxiliar os Estados-membros mais afetados.
Bruxelas pode vir a desbloquear cerca de 500 milhões de euros, anualmente, disponíveis num fundo de solidariedade constituído em 2002 para enfrentar as condições meteorológicas severas vividas nesse ano, lê-se na publicação britânica The Guardian.
Esta quantia estava reservada para emergências, como inundações, fogos e terramotos. Agora, pode vir a servir para apoiar nações europeias como a Holanda, Alemanha, Dinamarca e Espanha, que estão entre aquelas que enfrentarão duros desafios no caso de uma saída sem acordo dos britânicos.
A proposta deverá ser discutida esta semana pelos responsáveis em Bruxelas. Isto depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros austríaco, Alexander Schallenberg, ter dito que o bloco europeu está aberto à possibilidade de o Reino Unido se manter como membro da UE para lá de 31 de outubro, a última data que ficou definida como o prazo para a saída.
A possibilidade que é levantada pela UE entra em contraste com o tipo de preparação que tem vindo a ser feita pelo Reino Unido, tendo o Governo britânico sido acusado de desprezar em certa medida os perigos económicos associados à saída.
O Governo irlandês já conseguiu a promessa de que receberá verbas extra caso o Reino Unido opte por um "divórcio" com o bloco sem entendimento. O banco central da Irlanda aponta que, caso este cenário se verifique, haja uma redução de 34.000 postos de trabalho até ao final de 2020 e mais de 100.000 no médio prazo.
O parlamento britânico vai votar, esta terça-feira, a legislação que pode adiar, por três meses, a saída da União Europeia, aumentando desta forma as hipóteses de chegar a acordo com o bloco. O primeiro-ministro britânico Boris Johnson espera que os deputados não aprovem legislação que adie mais a saída do Reino Unido da União Europeia. A acontecer, ameaça eleições para 14 de outubro, embora diga que não quer marcar eleições antecipadas.