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UE garante que guerra na Ucrânia não é ameaça à "segurança alimentar"

Comissário europeu para a Agricultura e Desenvolvimento Rural defende que o problema na União Europeia é apenas de "acessibilidade" e não de "disponibilidade" de alimentos. Com um "autossuficiência" em quase todos os produtos alimentares, UE quer apoiar países vizinhos.

A consciencialização dos consumidores é fundamental para reduzir o desperdício alimentar.
Pedro Catarino
23 de Março de 2022 às 20:04
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A Comissão Europeia garantiu esta quarta-feira que a guerra na Ucrânia não é uma "ameaça" à segurança alimentar. O executivo comunitário diz que o problema europeu "não é a disponibilidade, mas sim a acessibilidade", e lembrou que os Estados-membros podem recorrer a fundos europeus para fornecer alimentos a países vulneráveis. 

"Atualmente, graças ao trabalho dos nossos agricultores e ao apoio da política agrícola comum [PAC], a segurança alimentar na União Europeia não está ameaçada. No entanto, o nosso sistema alimentar enfrenta desafios", referiu o comissário europeu para a Agricultura e Desenvolvimento Rural, Janusz Wojciechowski, no Parlamento Europeu.

E acrescentou: "Na UE, somos amplamente autossuficientes para quase todos os produtos agrícolas. No entanto, a UE importa cereais da Ucrânia e fertilizantes e gás natural da Rússia".

Janusz Wojciechowski recordou que, para prevenir eventuais constrangimentos na segurança alimentar europeia devido à invasão russa da Ucrânia, foi aprovada recentemente a criação de um mecanismo europeu de preparação e resposta a situações de crise no domínio da segurança alimentar, que será acionado em caso de crise. 

Para melhorar a monitorização europeia, a Comissão propõe que os Estados-Membros "reportem dados sobre as suas reservas privadas de géneros alimentícios e alimentos para animais para ter uma visão atempada e precisa da sua disponibilidade", assegurando que a questão que se coloca na UE prende-se com a "acessibilidade" dos alimentos.

Para os produtores agrícolas mais afetados, foi anunciado um 
pacote de assistência financeira de 500 milhões de euros, adiantamentos de pagamentos diretos aos agricultores e a introdução de flexibilidades temporárias no que respeita aos requisitos de importação de alimentos para animais.

"Embora haja comida suficiente na UE, os preços estão a subir. A subida dos preços nos alimentos atingiu 5,6%, em relação a fevereiro de 2021. Devemos proteger os cidadãos de baixos rendimentos e as famílias vulneráveis", disse, sublinhando que o problema ganha dimensão, em termos mundiais, entre os países mais pobres.

Apoio aos países mais vulneráveis
Como a Ucrânia e a Rússia são responsáveis por mais de 30% das exportações de trigo (essencial para a produção de pão e farinhas) e que isso tem provocado um "forte aumento" dos preços nos mercados de cereais, o comissário defendeu que é preciso apoiar "os países com défice alimentar". 

"Temos de proteger os países vulneráveis, nomeadamente em África, no Médio Oriente e nos países vizinhos da UE, das pressões sobre a disponibilidade e os preços dos alimentos", frisou.

Esta quarta-feira, foi também anunciado que os Estados-membros podem também recorrer a fundos da UE, tais como o Fundo de Auxílio Europeu às Pessoas mais Carenciadas (FEAD), "que apoia as ações dos países da União para fornecer alimentos e/ou assistência material de base aos mais vulneráveis".
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