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UE e Reino Unido terminam nova ronda negocial sem progressos no acordo para o pós-Brexit
Os negociadores da UE e Reino Unido completaram a sétima ronda negocial esta sexta-feira,e avisam que o acordo sobre as relações futuras entre Londres e o bloco regional pode estar em risco.
As negociações previam-se difíceis, e o pior cenário foi confirmado esta sexta-feira: o Reino Unido e a União Europeia não registaram qualquer progresso para um acordo em torno da relação pós-Brexit, e esse entendimento poderá mesmo não ser possível.
"Nesta fase, um acordo entre o Reino Unido e a União Europeia parece improvável", avisou Michel Barnier, responsável da UE pelas negociações sobre as relações futuras com o Reino Unido no pós-Brexit, no final da sétima ronda negocial, que terminou sem avanços, após quatro dias de conversações.
"Aqueles que esperavam uma aceleração das negociações esta semana ficarão desiludidos. Francamente, pela minha parte, estou desiludido e preocupado, e até um pouco surpreendido, porque o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse-nos em junho que queria acelerar os trabalhos durante o verão. Mas esta semana, tal como na ronda de julho, os negociadores britânicos não mostraram qualquer vontade de progredir em questões fundamentais para a UE", declarou o negociador-chefe da UE, numa conferência de imprensa na sede da Comissão Europeia, em Bruxelas.
Do lado britânico, o responsável pelas negociações, David Frost, confirmou os escassos progressos conseguidos na mais recente ronda negocial, sublinhando que é agora "claro" que não será fácil alcançar um entendimento.
"Tivemos discussões úteis esta semana, mas houve pouco progresso", informou David Frost, através de um comunicado. "O acordo ainda é possível, e ainda é o nosso objetivo, mas está claro que não será fácil de alcançar", acrescentou o responsável, que, durante a semana, apresentou aos negociadores da UE um esboço do acordo final, destacando as grandes divergências que ainda persistem. Sobre esta manobra, Barnier disse ter sido "útil" ver a posição britânica, mas que "não podemos ter pessoas a trabalhar numa base unilateral".
Quatro meses para fechar um acordo
O fracasso de mais uma ronda negocial deixa a União Europeia e o Reino Unido numa verdadeira corrida contra o tempo, numa altura em que faltam pouco mais de quatro meses para terminar o período de transição, que mantém o acesso do país ao mercado único europeu e à união aduaneira.
Assim, o acordo entre as partes teria de ser alcançado até 31 de dezembro, para vigorar a partir de janeiro do próximo ano.
Barnier avisou, porém, que o calendário é ainda mais apertado, já que o texto jurídico que estará na base do acordo deveria estar completo até ao final de outubro, para dar tempo ao Conselho e ao Parlamento Europeu para se pronunciarem.
"Resta, portanto, pouco mais de dois meses para encontrar um acordo sobre todos os assuntos da negociação e consolidar um texto e tratar dos anexos técnicos, a serem verificados pelos juristas em todas as línguas", sublinhou.
O negociador-chefe da UE reforçou, ainda assim, que o objetivo dos Estados-membros continua a ser o entendimento com o Reino Unido e que "apesar do calendário cada vez mais apertado", isso "ainda é possível".
Para a próxima ronda negocial, que decorrerá em Londres entre 7 e 11 de setembro, Bernier pediu "ideias claras, concretas e construtivas" para que se possa superar o impasse. Caso isso não aconteça até ao final da fase de transição, as relações comerciais entre Londres e os 27 Estados-membros da UE serão regidas apenas pelas regras da Organização Mundial do Comércio, nomeadamente no que respeita aos direitos aduaneiros.