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Steve Bannon detido e acusado de fraude relacionada com muro na fronteira com o México
O antigo conselheiro de Donald Trump foi detido e acusado com o crime de fraude devido a uma campanha de angariação de fundos para a construção do famigerado muro na fronteira com o México.
O antigo conselheiro de Donald Trump Steve Bannon e três outros suspeitos foram detidos e acusados com o crime de fraude devido a uma campanha de angariação de fundos para a construção do famigerado muro na fronteira com o México. A campanha angariou 25 milhões de dólares de acordo com o Departamento de Justiça dos EUA (DoJ na sigla original).
Segundo o Departamento da Justiça, através da campanha "We Build the Wall" ("Nós construímos o muro"), Bannon e os seus colegas "defraudaram centenas de milhares de doadores". Este dinheiro terá sido utilizado para financiar "um estilo de vida sumptuoso" do fundador e líder da campanha Brian Kolfage (um dos suspeitos detidos). De acordo com o comunicado do DoJ, "todos os quatro acusados beneficiaram, alegadamente, do seu papel no esquema".
De acordo com a procuradora Audrey Strauss, os "arguidos defraudaram centenas de milhares de dadores, capitalizando o interesse destes em financiar a construção de um muro na fronteira para angariar milhões de dólares, sob o falso pretexto de que todo o dinheiro ia ser gasto na construção" daquela infraestrutura. Durante todo o processo, os angariadores garantiram que Brian Kolfage não iria receber "nem um cêntimo" do dinheiro angariado, mas na verdade centenas de milhares de dólares foram "passados a Kolfage, tendo este usado o dinheiro para financiar a sua vida sumptuosa".
Já o inspetor responsável pela investigação a todo o esquema afirmou, citado pelo DoJ: "Os arguidos cometeram, alegadamente, fraude quando esconderam o verdadeiro uso dos fundos angariados. Não só mentiram aos dadores, como tentaram esconder a sua apropriação indevida de fundos ao criarem faturas falsas e contas para branquear as doações enquanto escondiam os seus crimes, não mostrando qualquer respeito pela lei ou pela verdade".
O inspetor Philip R. Bartlett deixa ainda um aviso, afirmando que espera que esta detenção seja tomada como "um aviso a outros fraudolentos" para que saibam que "ninguém está acima da lei, nem sequer um veterano com uma deficiência física ou um estratega político milionário", em referência direta a Kolfage e Bannon.
O esquema foi montado em 2018, quando os quatro arguidos orquestraram um plano para defraudar milhares de doadores através de uma campanha de crowdfunding online que recebeu o título "We Build the Wall" cujo objetivo era financiar a construção de um muro na fronteira sul dos EUA, fronteira com o México, uma das promessas basilares da campanha de Donald Trump em 2016, campanha essa que foi ajudada a erigir por Bannon.
Durante a campanha de angariação Kolfage disse repetidamente que "não ia tirar nem um cêntimo de salário ou compensação" dessa campanha e que todos os fundos seriam usados "para a execução da missão e propósito" já que eram, como afirmou publicamente Bannon, "uma organização voluntária". Kolfage terá, na verdade, recebido 350 mil dólares, enquanto Bannon, através da organização não-governamental (ONG) Non-Profit-1 ("sem lucro 1") recebeu mais de um milhão de dólares que foram usados para cobrir as despesas pessoais do estratega que nos últimos anos tem dado conselhos na Europa a partidos populistas.
Os quatro homens são acusados, cada um, por conspiração para cometer fraude e conspiração para branquear dinheiro. Cada uma destas acusações pode levar a uma pena máxima de 20 anos na prisão, nos EUA.