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Sonae garante bloqueio e prepara «chumbo» na Portucel

A Sonae, que neste momento já terá garantido uma minoria de bloqueio, aguarda apenas a disponibilização da documentação detalhada sobre a proposta apresentada pelo consórcio Cofina/Lecta, para desvendar qual será a sua posição na assembleia geral da Portu

24 de Setembro de 2003 às 07:42
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A Sonae, que neste momento já terá garantido uma minoria de bloqueio, aguarda apenas a disponibilização da documentação detalhada sobre a proposta apresentada pelo consórcio Cofina/Lecta, para desvendar qual será a sua posição na assembleia geral da Portucel, marcada para 14 de Outubro, sendo provável o entrave ao negócio.

Segundo as fontes contactadas pelo Negocios.pt, é «muito provável» que Belmiro de Azevedo vote contra, na referida reunião de accionistas, e, desta forma, inviabilize a entrada da Cofina/Lecta na Portucel, recomendada pelo júri do concurso, pela «holding» estatal Portucel SGPS e que, ao que tudo indica, merece a concordância do próprio Governo.

«Considerando a Sonae que a operação de entrada de um novo accionista na Portucel, através de um aumento de capital com entradas em espécie, é má para o grupo, dilui a sua posição e torna-a menos líquida, é difícil equacionar outra hipótese que não a oposição em assembleia geral à entrada da Cofina/Lecta», sublinhou uma fonte contactada.

Durante o concurso, Belmiro de Azevedo efectuou declarações públicas sublinhando que iria travar o negócio, independentemente do concorrente que viesse a ser seleccionado.

À privatização, concorreram a Cofina/Lecta e os finlandeses da M-Real, sendo que, tanto a Portucel SGPS, como o júri se pronunciaram a favor do primeiro.

O grupo liderado por Belmiro de Azevedo decidiu, porém, só tornar pública a sua oposição, após ter acesso a toda a documentação que será facultada aos accionistas da Portucel.

«A Sonae analisará o relatório do Revisor Oficial de Contas (ROC), a sua apreciação dos activos, bem como as condições do negócio e, só depois disso, anunciará a sua decisão», frisou o mesmo responsável.

Estes documentos terão de ser colocados à disposição dos accionistas da Portucel [PTCL] até ao próximo dia 29, ou seja, 15 dias antes da data da assembleia geral.

A Sonae está representada na administração da Portucel SA e tem um elemento executivo. Ao que o Negocios.pt apurou, foi solicitado o acesso às propostas dos concorrentes, o que não foi consentido.

Belmiro de Azevedo acima dos 30% na Portucel. A participação oficial, ou seja, do conhecimento público, que Belmiro de Azevedo detém na Portucel é de 29,2%, mas é dado como adquirido que, nesta fase, a sua posição já é superior aos 30%.

Por outro lado, o «patrão» da Sonae terá recolhido o apoio de outros pequenos accionistas da papeleira, o que lhe permitirá «chumbar» a entrada da Cofina/Lecta.

Fontes do mercado confirmam que se têm registado, do lado do grupo nortenho, compras de acções da Portucel. Apesar de os estatutos da Portucel limitarem os direitos de voto a 25% (tornando «inútil» o aumento da participação de Belmiro de Azevedo), a Sonae poderá atingir a minoria de bloqueio de 33% em função dos votos expressos na assembleia, normalmente inferior à totalidade do capital.

Neste momento, apenas 14% da Portucel escapam ao controlo do Estado ou da Sonae.

Por Sílvia de Oliveira e Luísa Bessa

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