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Só 20% da agricultura portuguesa é competitiva

Os números são claros: dois terços dos produtos agrícolas portugueses, se for garantida a sua competitividade, podem sobreviver sem os apoios comunitários. Mas estes ocupam apenas 20% da superfície agrícola, noticia hoje o jornal «Público».

20 de Março de 2006 às 09:01
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Os números são claros: dois terços dos produtos agrícolas portugueses, se for garantida a sua competitividade, podem sobreviver sem os apoios comunitários. Mas estes ocupam apenas 20% da superfície agrícola, noticia hoje o jornal «Público».

O que fazer quanto aos restantes 80%? Recorrendo a actividades comerciais, como a caça ou o ecoturismo, ou a pagamentos públicos pela prestação de serviços à colectividade, como a prevenção dos fogos ou a conservação da biodiversidade, defendem os especialistas.

Um estudo feito sobre o abandono rural, da responsabilidade de uma equipa da Universidade de Évora coordenada por Teresa Pinto Correia, dá uma nova visão sobre o país. Tendo em conta a trajectória da agricultura portuguesa e das pessoas a ela ligadas nos últimos anos, a equipa apresenta uma classificação dos territórios consoante as principais vocações que apresentam e que não necessariamente passam pela produção.

Desta análise resultou uma divisão do país de onde ressaltam as áreas que reúnem condições para conseguirem independência face aos subsídios europeus, portanto viáveis depois de 2013. São as regiões da hortifruticultura, do vinho, das estufas, dos porcos ou das aves, entre outros, sobretudo no Ribatejo e no Oeste, Douro e partes do Minho e do Algarve.

No restante território - a esmagadora maioria - a dependência dos subsídios vai garantindo o rendimento dos produtores. Mas o futuro não termina em 2013. Portanto, há que avaliar as diferentes potencialidades destas áreas. Que extravasam a agricultura.

«O estudo mostra que há vários mundos rurais em Portugal, uns com potencial agrícola, outros com potencial ambiental, outros com potencial multifuncional, e o reconhecimento desta realidade deve-se reflectir nas prioridades das políticas públicas», considera Rui Gonçalves, secretário de Estado do Desenvolvimento Rural e das Florestas.

«Trata-se de uma questão territorial: quase todo o país é rural. Assim sendo, qual a perspectiva que devemos ter? A agrícola? Ou antes olharmos as diferentes características desta ruralidade em que a agricultura é uma das componentes do rendimento?», questiona o governante.

«A partir de 2013, a agricultura será pouco apoiada, portanto o desafio é fazer com que os sectores em que Portugal é competitivo consigam ficar entregues ao mercado», considera Lima Santos, professor do Instituto Superior de Agronomia e especialista em Economia Rural e do Ambiente. «Só que estamos a falar de menos de um terço do país, e o resto? Portugal perdeu o controlo sobre o seu território, mas é possível refazer este controlo, o que exige determinação e visão do conjunto», adianta.

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