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Secretário-Geral da OCDE diz que "o pior está para vir"

O secretário-geral da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económicos), Angel Gurria, considerou hoje que o "pior está para vir" para a economia da Zona Euro, e que se espera uma "desaceleração mais forte" do crescimento.

14 de Janeiro de 2009 às 11:30
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O secretário-geral da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económicos), Angel Gurria, considerou hoje que o "pior está para vir" para a economia da Zona Euro, e que se espera uma "desaceleração mais forte" do crescimento.

"O pior está para vir", declarou Gurria no decorrer de uma conferência de imprensa para apresentar o relatório sobre a zona euro, citado pela agência Lusa.

"O mercado imobiliário continua a retrair-se", especificou, acrescentando que a inflação "caiu fortemente" após os picos do Verão passado.

Declarou igualmente que a deterioração dos défices orçamentais na Zona euro "serão muitíssimo mais importantes" nos meses que se seguirão.

Juros com espaço para descer

A OCDE considera que o cenário de deflação na Zona Euro é pouco provável, adiantando que as previsões de evolução dos preços "estão bem ancoradas" e que poderá haver espaço para novos cortes nas taxas de juro centrais.

“As projecções da OCDE sugerem que ao longo do próximo ano vai criar-se uma folga económica substancial, que ajudará a baixar ainda mais a inflação. Dadas estas projecções, poderá criar-se espaço para que se alivie ainda mais a política monetária".

"No entanto" - ressalva o documento - "existe uma dose invulgar de incerteza em torno do cenário económico", pelo que a política monetária deve estar “pronta para reagir caso as expectativas de inflação de longo prazo deixem de estar ancoradas".

Já o cenário de deflação é pouco provável. "Não é o nosso cenário central", considerou o economista da OCDE Nigel Pain, citado pela agência France Presse. No entanto, a organização não exclui totalmente a deflação "a curto prazo se a queda da inflação se registar mais rapidamente que o previsto".

A inflação na Zona Euro disparou para 4% no Verão passado, caiu para 1,6%, e a organização prevê agora 1,4% para 2009 e 1,3% para 2010.

No mesmo estudo, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económicos (OCDE) prevê uma contracção da economia da Zona Euro na segunda metade do ano e antecipa que só em meados de 2010 os países da moeda única consigam crescer acima do seu potencial.

De acordo com a OCDE, o cenário mais provável para a actividade económica da Zona Euro é de "novas contracções no quarto trimestre de 2008 e na primeira metade de 2009".

A queda da procura externa, a instabilidade nos mercados financeiros e a contracção dos mercados imobiliários dos Estados-membros vão melhorar ao longo do tempo, devendo a recuperação da economia ser gradual, refere a organização internacional.

A descida da inflação ao longo de 2009, uma melhoria dos mercados financeiros e os efeitos dos pacotes de estímulo adoptados pelos governos deverão ajudar a impulsionar uma "eventual expansão", continua a OCDE.

No final da segunda metade de 2010, está previsto que a economia comece a crescer mais rapidamente do que o seu potencial (nível em que a economia estaria a usar todos os seus recursos disponíveis), referem os mesmos analistas, que repetem as previsões de crescimento apresentadas a 25 de Novembro de 2008.

A Zona Euro deve ter crescido 1% em 2008 e contrair-se em 0,6% em 2009, devendo registar em 2010 um crescimento de 1,2%.

A OCDE admite que a dimensão e a duração da recessão podem ser limitadas se as medidas de alívio fiscal discutidas pela Comissão Europeia forem implementadas pelos países. No entanto, a OCDE deixa um aviso: essas medidas de ajuda devem ter atempadas, bem dirigidas e temporárias, sempre tendo por cenário de fundo um objectivo de sustentabilidade de médio prazo das finanças públicas.
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