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Roubini: Os partidos radicais em Portugal só vão complicar a recuperação económica
O economista norte-americano alertou que o país enfrenta vários riscos económicos a curto prazo, que tem de saber resolver com políticas e reformas corretas. Mas os partidos mais extremistas só vão empatar a tomada de decisões.
Numa visita a Portugal, para o "warm up" do QSP Summit, o também professor da Universidade de Nova Iorque sublinha que, apesar de todas as dificuldades a curto-prazo, relacionadas com a "pobreza, o desemprego e a desigualdade", há motivos para acreditar no futuro risonho para a economia de Portugal a longo-prazo.
O Banco de Portugal mantém a previsão de recessão de 8,1% no ano passado, para a economia portuguesa. Apesar de o verão ter corrido melhor do que o esperado, o último trimestre de 2020 foi mais duro do que o antecipado. A recuperação, indica o organismo liderado por Mário Centeno, deverá começar este ano, com um crescimento previsto de 3,9%, e prosseguir nos anos seguintes.
Contudo, o novo confinamento decretado pelo Governo para travar a atual propagação da covid-19 podem voltar a baralhar as contas, garante agora o economista.
"Além disso o défice orçamental vai continuar a aumentar e Portugal corre o risco de que o défice se torne insustentável", continua, adiantando que um dos grandes riscos atuais, passa pelo fim dos regimes de "layoff" que podem implicar uma nova queda dos empregos. "Há pessoas em grande situação de pobreza e há medo que dos dois terços dos postos de trabalho criados nos últimos 2 anos possam desaparecer", avisa.
Reabertura da economia foi exagerada
Uma das principais críticas feitas por Roubini ao Governo português passa pela reabertura da economia que foi "demasiado exagerada", principalmente em novembro e em dezembro, com especial foco na época do Natal, que levou a uma subida exponencial da propagação do coronavírus.
"A resposta do pais à primeira vaga foi muito bem sucedida, mas a reabertura da economia do país foi exagerada. Agora temos esta nova vaga que levou a um pico no número de casos e mortes com uma das taxas mais altas a nível mundial", aponta, deixando o aviso de que "este novo confinamento muito restritivo vai levar novamente a uma recessão".
Nas últimas 24 horas foram registados em Portugal mais 16.432 casos de pessoas infetadas pela covid-19, segundo os dados revelados esta quinta-feira, 28 de janeiro, pela Direção Geral de Saúde (DGS).
No que respeita aos óbitos relacionados com o vírus, há a lamentar mais 303 vítimas mortais no país, depois das 293 mortes reportadas na quarta-feira, pelo que foi atingido um novo recorde. A pandemia já vitimou 11.608 pessoas em Portugal.
"Mas se conseguirmos controlar o vírus, começando a vacinar as pessoas, vamos conseguir uma recuperação para o resto do ano", garante. "Os investidores acreditam em Portugal" e com "as políticas e reformas certas, com a vacinação da população, Portugal continuará a ser um grande destino para fazer negócios e para o turismo. Acho que a longo-prazo temos boa perspetivas para o país", conclui.