Notícia
Rogoff e Reinhart publicam errata ao “erro Excel”
Os dois economistas publicaram formalmente uma correcção ao seu estudo sobre a dívida pública e o crescimento. Porém, os autores mantêm a conclusão de que existe uma correlação entre uma elevada dívida pública e um crescimento económico baixo.
Kenneth Rogoff (foto em cima) e Carmen Reinhart (foto em baixo) publicaram uma errata ao seu artigo de 2010 - “Crescimento em tempo de dívida” -, reconhecendo os erros evocados pelos académicos de Massachusetts, mas deixando inalterada a principal conclusão do estudo: uma elevada dívida pública conduz a um baixo crescimento económico.
Assim, três anos depois da publicação do estudo Rogoff e Reinhart corrigiram as falhas nas tabelas estatísticas do Excel no qual basearam as conclusões do artigo.
Apesar de introduzirem alterações, os economistas explicam que tais modificações não alteram a principal conclusão que defendem desde 2010.
Na errata, para além de corrigirem as médias de crescimento para o período compreendido entre 1946-2009, que foram criticadas pelos investigadores de Massachusetts, os autores reviram ainda as medianas para o período de tempo referido bem como outras médias e medianas para outros dados que remontam a 1800.
As alterações introduzidas pelos dois economistas, que agora incluem mais países e dados de mais anos para análise, mantêm a conclusão de 2010. Contudo, os novos dados apontam para uma queda no crescimento médio entre 2,8% e 1,8% quando a dívida pública de um país ultrapassava 90% do PIB.
No ultimo mês, os académicos da Universidade de Massachusetts – Thomas Herndon, Michael Asch e Robert Pollin – que utilizaram a mesma base da dados estatísticos que Rogoff e Reinhart em 2010, concluíram que o crescimento médio de países com mais de 90% do PIB de dívida pública é de 2,2% e não de 0,1% como apontado pelos dois autores.
A conclusão de que uma elevada dívida pública está relacionada com um crescimento menor é também defendida por outros investigadores e instituições, como o Fundo Monetário Internacional e o Banco de Compensações Internacionais.
Recorde-se que o estudo dos dois autores foi invocado por várias figuras políticas a nível mundial em defesa da aplicação de políticas de austeridade como resposta à crise e com o intuito de diminuir as dívidas públicas elevadas. Em Portugal, o estudo foi citado por figuras como o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, e o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa.