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Retorno à meta da inflação do BCE adiado para o verão de 2025, diz Lagarde

BCE vê forte incerteza na reta final do processo de desinflação. Apesar de corte forte nas previsões do PIB para 2024, recuperação das economias do euro é esperada no próximo ano. “Os tempos difíceis são agora”.

Ronado Wittek / EPA
14 de Setembro de 2023 às 14:56
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A perspetiva de retorno à meta de 2% de estabilidade de preços do Banco Central Europeu  (BCE) voltou a ser empurrada para a frente nesta quinta-feira , com a presidente da instituição, Christine Lagarde, a indicar que será apenas no terceiro trimestre de 2025 que o objetivo deverá ser alcançado.

 

"Em geral, não estamos no alvo em 2025 na inflação total. Estamos quase no alvo na (inflação) subjacente. E apenas atingimos cerca de 2% no terceiro trimestre de 2025", afirmou na conferência de imprensa que se seguiu à decisão de política monetária de avançar com mais uma subida de juros, a décima do atual ciclo.

Até aqui, o BCE indicava que o retorno à meta de estabilidade de preços do seu mandato poderia ser alcançado na primeira metade de 2025, com Christine Lagarde a indicar agora que as novas projeções do BCE, hoje libertadas, veem o objetivo a ser alcançado mais tarde.

Nesta quinta-feira, a equipa económica reviu em alta os números da inflação média anual esperada, para 5,6% em 2023, 3,2% em 2024 e 2,1% em 2025, no indicador de inflação total que considera a globalidade dos preços das diferentes secções de consumo na Zona Euro. A subida foi justificada com a evolução dos preços da energia.

Ainda assim, a presidente do BCE admitiu forte incerteza nos valores do último ano da projeção, relativos a 2025.

 

Já para a inflação subjacente, que exclui energia e bens alimentares, a expectativa é de valores médios anuais de 5,1%, 2,9% e 2,2% em 2023, 2024 e 2025, respetivamente.

Nos cenários de risco negativo destas previsões, indicou, vão pesar os desenvolvimentos nos preços, sobretudo, do bens mais voláteis – energia e alimentação – numa altura em que os custos do gás e petróleo estão a subir e na qual o fim do acordo para exportação de cereais da Ucrânia e a crise climática podem voltar a colocar mais pressão nos custos de alimentos.

 

Quanto às previsões de crescimento, revistas em baixa, Christine Lagarde justificou a forte revisão em baixa na previsão de crescimento para 2024, de 1,5% para 1%, indicando que três quartos da descida ficam a dever-se ao carry-over dos fracos crescimentos trimestrais de 2023 para a taxa de crescimento médio anual do próximo ano.

 

Ou seja, apesar da deterioração maior das perspetivas, grande parte do arrefecimento económico nos países do euro estará concentrado neste ano, com o BCE a atirar agora para 2024 a recuperação do choque de preços e da elevação das taxas de juro. "Os tempos difíceis são agora", sinalizou.


Para 2023, o banco central espera agora um crescimento anual de 0,7%, face aos resultados piores do que o esperado na primeira metade do ano e aos indicadores avançados que apontam já para maior agravamento das condições económicas no terceiro trimestre. Para 2024, a subida projetada para o PIB da Zona Euro é de 1%, e para 2025 de 1,5%.

 

Os dados apontam para um agravamento considerável nas componentes de investimento e nas exportações, numa altura em que o BCE reconhece que a transmissão das subidas de juros está a ser mais rápida e se agravam as trocas comerciais internacionais.

Lagarde foi questionada, na conferência de imprensa, em particular sobre o impacto negativo que as decisões do conselho de governadores da instituição estão a ter no setor imobiliário, bem como pelo que o BCE terá para responder aos críticos que o acusam de estar a provocar uma recessão.

 

A presidente da instituição optou por salientar que o mandato da instituição é a estabilidade de preços e não a preocupação com qualquer sector da economia.

 

"A inflação desceu e queremos que continue a descer e reforçar esse processo. Fazemo-lo não porque queremos forçar uma recessão, mas porque queremos que haja estabilidade de preços para as pessoas, que estão a suportar o fardo da inflação, preços elevados, e que predominantemente não são as pessoas mais privilegiadas", argumentou.

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