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Recessão na Europa e EUA é iminente, defendem economistas

A crise do gás na Europa e o endurecimento da política monetária da Fed apontam para uma provável recessão nos dois lados do Atlântico, alertam economistas ouvidos pelo Financial Times.

João Cortesão
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O risco de a Europa e os Estados Unidos entrarem em recessão aumentou acentuadamente, alertam economistas consultados pelo Financial Times, antes da Cimeira do G7 que arranca este fim de semana. Os especialistas estão pessimistas face ao endurecimento da política monetária da Reserva Federal norte-americana (Fed) e ao agravamento da crise de abastecimento de gás na Europa.

 

"O que costumava ser um risco crescente agora  transformou-se num cenário muito provável", defendeu Holger Schmieding, economista-chefe do Berenberg Bank.  O Goldman Sachs duplicou para 30% a probabilidade de os EUA entrarem em recessão, sendo que é possível que esta crise chegue à economia norte-americana já nos próximos dois anos, segundo as estimativas do banco de investimento.

 

"Os riscos de recessão dos EUA são crescentes e visíveis. Eu apontaria para uma probabilidade de 40% de entrada em recessão nos próximos 12 a 24 meses", defendeu também Mark Zandi. O economista-chefe da Moody's vai mais longe e afirma mesmo que Europa está ainda mais vulnerável que os EUA.

 

"Para evitar a recessão, a economia mundial precisa de um pouco de sorte, e precisa que as consequências económicas da pandemia e do conflito na Ucrânia, e da política monetária da Fed e de outros bancos centrais acabem rapidamente", acrescentou Zandi. 

 

Face a este cenário, Martin Wolburg, economista da seguradora Generali, alerta que "se a Rússia cortar totalmente o fornecimento de gás para a UE, o bloco seria atingido por uma recessão".

Já Peter Hooper, economista do Deutsche Bank e antigo funcionário da Fed, que em abril se tornou um dos primeiros especialistas em Wall Street a prever uma recessão, alertou que o quadro de inflação a curto prazo "não parece bom", o que significa que o banco central pode precisar aumentar as taxas de juro ainda mais agressivamente do que o esperado.

 

A Fed decidiu subir a taxas de juro de fundos federais em mais 75 pontos base na última reunião. Esta semana, o presidente do banco central, Jerome Powell reiterou o compromisso do banco central em combater a inflação, enquanto outro membro da Reserva Federal, Michelle Bowman, esta quinta-feira manifestou o seu apoio a um aumento das taxas de juro em 75 pontos base em julho, seguido de outros aumentos de 50 pontos base.

 

Na Europa, o Banco Central Europeu (BCE) apontou – no final da última reunião do Conselho de Política Monetária – para um aumento de 25 pontos base em julho e outro aumento de igual ou de superior dimensão em setembro.

A autoridade monetária projetou ainda que no próximo ano a economia da Zona Euro desacelere para 3,5% e 2,1% em 2024, ainda acima da meta dos 2%. Estes valores são superiores aos das projeções divulgadas em março, quando o BCE apontava para uma taxa de inflação de 5,1% este ano, de 2,1% em 2023 e 1,9% em 2024.

 

Esta semana, o BCE frisou, através de um 'outlook' realizado por vários especialistas do banco central que a Europa "está longe de um cenário de estagflação" como o de 1970, já que "as projeções atuais relativas ao crescimento real do PIB ainda refletem em parte uma recuperação da procura após a pandemia."

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