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"Não confundo o que é censura verdadeira com actos de vitimização pessoal"

O director do Jornal de Notícias garantiu hoje não ter cometido um acto censório ao optar pela não publicação de uma crónica do jornalista Mário Crespo e que não confunde "censura verdadeira com vitimização pessoal".

23 de Fevereiro de 2010 às 19:12
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O director do Jornal de Notícias garantiu hoje não ter cometido um acto censório ao optar pela não publicação de uma crónica do jornalista Mário Crespo e que não confunde "censura verdadeira com vitimização pessoal".

"Não houve nenhuma censura. Comecei a trabalhar ainda havia censura. Não confundo o que é censura verdadeira com actos de vitimização pessoal", afirmou José Leite Pereira durante uma audição na Comissão de Ética Sociedade e Cultura da Assembleia da República.

O director do JN salientou que "não era possível o jornal deixá-lo [Mário Crespo] fazer um jornalismo alcoviteiro".

"Nunca nenhum jornalista escreveu uma crónica dando uma notícia e no JN não é possível que se torne pública uma conversa que é privada", disse.

O artigo do jornalista, que não saiu na sua habitual coluna à segunda feira no JN mas foi publicado no site do Instituto Sá Carneiro, acusa membros do Governo de terem falado depreciativamente sobre ele classificando-o como um problema, durante um almoço realizado em Lisboa.

Mário Crespo foi ouvido pela mesma comissão na quarta-feira passada, tendo reiterado a acusação de censura e alegado que o primeiro-ministro diz em público tem consequências.

Na audição, o jornalista garantiu que quando falou com o director do JN, por volta das 00:00, já a edição do jornal estava fechada e como tal não havia nada a fazer.

Hoje, José Leite Pereira defendeu que "o que ele [Mário Crespo] disse é pura e simplesmente mentira".

"O jornal fechou às 00:57 nesse dia. Falei com o Mário Crespo às 23:06. Está registado e a conversa durou cerca de oito minutos", afirmou.

O director do JN adiantou ainda que durante a conversa telefónica, o jornalista da SIC lhe disse: "não publiques a notícia", depois de Leite Pereira ter mostrado algumas reservas quanto à publicação do texto em questão.

"Estávamos perante uma quase notícia, a que faltava o contraditório e o respeito por um princípio pelo qual o jornal se pauta: uma conversa num restaurante para nós é privada", justificou.


O director do JN referiu ainda que caso Mário Crespo tivesse falado com ele uns dias antes de escrever a crónica "talvez se tivesse encontrado uma maneira, que agradasse a ambos, de publicar o texto".
"Eu não cedo um espaço aos cronistas do jornal para eles gerirem como quiserem", afirmou, acrescentando ter "uma responsabilidade ética" e não dar "aos cronistas regras diferentes das que dá aos jornalistas", concluiu.
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