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Quatro em cada dez imigrantes trabalha abaixo das qualificações
Fenómeno conhecido como "desperdício de cérebros" afeta mais os imigrantes. Ter um diploma nacional é determinante no mercado de trabalho em Portugal. Imigrantes que não veem reconhecidas as suas qualificações têm uma maior probabilidade de estarem desempregados.
Cerca de 40% dos imigrantes com formação superior têm qualificações a mais para as funções que desempenham, avança esta quinta-feira o Público. O retrato revela que os imigrantes veem sistematicamente as suas qualificações subaproveitadas face aos naturais nos seus países, vincando as disparidades entre quem nasce e quem chega a Portugal.
A sobrequalificação é um problema que se tem acentuado em Portugal, mas este fenómeno conhecido como "brain waste" (desperdício de cérebros) afeta desproporcionalmente os imigrantes. Cerca de 27% dos trabalhadores portugueses com ensino superior estão sobrequalificados para as funções, mas o número sobe para 39% no caso dos imigrantes, com o diploma nacional a ser determinante na entrada no mercado de trabalho.
Essa diferença entre nativos e imigrantes é comum em toda a Europa. Comparando Portugal com países com outros países do Sul da Europa que atraem perfis migratórios comparáveis, a diferença de 13 pontos percentuais é uma das mais baixas da Europa. Já a diferença de qualificações entre nativos e imigrantes é uma das maiores da Europa (36 pontos percentuais), com os imigrantes a serem mais qualificados.
Os imigrantes que não veem reconhecidas as suas qualificações têm uma maior probabilidade de trabalharem em empregos abaixo das competências, estarem desempregados ou trabalharem menos horas do que desejariam.