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PSD diz que OCDE expõe "fracasso de metas" e incapacidade reformista do Governo
O PSD considerou que o relatório hoje apresentado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) "expõe o fracasso das metas do Governo" e a incapacidade reformista do actual Executivo.
"O Executivo e a actual maioria rejeitam reformas estruturais, falham metas de crescimento, aumentam o endividamento público e privado e avançam com um verdadeiro projecto de reversões", criticam os sociais-democratas, na sua 'newsletter' diária.
Para o PSD, o relatório hoje apresentado "aconselha o Governo a prosseguir as reformas iniciadas por Pedro Passos Coelho", ao recordar que o investimento em Portugal caiu em 2016, após um crescimento nos dois anos anteriores, e prevê que o desemprego permaneça nos dois dígitos durante os próximos anos.
"A OCDE assinala que os resultados positivos actuais decorrem das reformas e da acção do Governo PSD/CDS entre 2011-2015", defendem os sociais-democratas.
O secretário-geral da OCDE, Angel Gurría (na foto), afirmou hoje que Portugal tem feito "progressos muito impressionantes", mas sublinhou que "o ímpeto reformista tem de continuar", que "são muitos os problemas" e há "muito trabalho de casa" ainda por fazer.
"O ímpeto reformista de Portugal tem de continuar. São muitos os problemas, há muito trabalho de casa. O endividamento público - mas também o privado - é muito elevado e o sector bancário continua frágil. A produtividade continua a ser baixa em comparação com a média da OCDE. As baixas qualificações da força de trabalho portuguesa não só travam a produtividade como constituem um obsctáculo à igualdade dos rendimentos", afirmou, na apresentação do relatório em Lisboa.
Para Gurría, "são necessárias novas reformas para fomentar o crescimento, a produtividade e, em última instância, o bem-estar dos portugueses", tendo identificado "três áreas prioritárias" também destacadas no relatório - o sector financeiro, o investimento e as qualificações do mercado de trabalho.
Já o ministro das Finanças, Mário Centeno, afirmou que a taxa de desemprego em Portugal vai cair abaixo dos dois dígitos, ao contrário do que prevê a OCDE.
Para o PSD, "a reacção de Mário Centeno é preocupante, porque revela que o Governo não está interessado ou não tem a coragem de fazer o que tem que ser feito para Portugal crescer mais e melhor".
"Em vez de sistematicamente encontrar pretextos para os seus próprios insucessos, o ministro das Finanças devia justificar os seus próprios fracassos e previsões", desafiam os sociais-democratas, sublinhando que as mais recentes previsões de crescimento do Governo estão abaixo dos 1,6% registados em 2015.
No capítulo do investimento, o PSD salienta que a OCDE diz ser "uma questão que tem de ser resolvida com urgência" e desafia o Governo a aprovar a proposta da reforma do IRC apresentada pelos sociais-democratas e que foi alvo no passado de um consenso com o PS, entretanto desfeito.
A OCDE diz que o investimento em Portugal está mais de 30% abaixo do nível de 2005 e antecipa que o desemprego se vá manter nos dois dígitos nos próximos anos.
No relatório sobre a evolução da economia portuguesa, a organização antecipa "um crescimento anual moderado", de 1,2% em 2017, e refere que o consumo privado teve um papel importante recentemente, mas "deverá perder peso porque a criação de emprego é demasiado fraca para que as despesas dos consumidores continuarem a expandir-se ao nível atual".
A OCDE alerta ainda que adiar uma solução para o problema do crédito malparado "é uma estratégia arriscada" que compromete a saúde dos bancos, o investimento e o crescimento económico, instando as autoridades a fazer mais, sublinhando que a fragilidade da banca "precisa de ser resolvida o quanto antes" para "reduzir os riscos orçamentais e restaurar o crescimento do crédito".