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PS e PSD pressionam Cavaco Silva a entrar em cena

Mesmo que eleições antecipadas sejam inevitáveis, é preciso que o Presidente da República promova uma plataforma alargada de entendimento político para negociar, desde já, o programa de ajustamento necessário para o também inevitável recurso a ajuda externa.

22 de Março de 2011 às 10:44
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Do PS e até do PSD essa é a mensagem que está a ser passada por pesos pesados dos dois maiores partidos políticos, que receiam que o país caia num vazio de poder, ao mesmo tempo que resvala para “bancarrota”.

A maior pressão para que Cavaco Silva exerça a “magistratura activa” que prometeu para este segundo mandato está a vir da área socialista, que ainda acredita na possibilidade de uma crise política não ser abertamente deflagrada nesta semana, em que José Sócrates vai a Bruxelas negociar na cimeira europeia de “salvação do euro” a possibilidade de Portugal recorrer a apoio financeiro em moldes menos duros e estigmatizantes que os de uma intervenção “pura e dura” como as que sucederam na Grécia e na Irlanda.

A liderar essa pressão para forçar Cavaco Silva a entrar em cena está Mário Soares. Num artigo hoje publicado no “Diário de Notícias”, o histórico do PS lança um “apelo angustiado” a Belém para “impedir a catástrofe anunciada”.


"Cavaco não pode sacudir a água do capote"

Diz Soares que o Presidente “não pode sacudir a água do capote” quando talvez nunca, como hoje, estão em causa os “superiores interesses nacionais”. É preciso evitar que “os partidos reclamem insensatamente eleições, que paralisarão, nos próximos dois meses cruciais, a vida nacional, em perigo iminente de bancarrota”, argumenta o antigo chefe de Estado.

Na opinião de Soares, o tempo de um governo de salvação nacional é agora. Porque se o país for para eleições vai acordar “à beira da bancarrota” com o povo português a pedir “desesperadamente um governo de salvação nacional”. “Se não intervier agora, quando será o momento para se pronunciar? É uma responsabilidade que necessariamente ficará a pesar-lhe. Por isso - e com o devido respeito - lhe dirijo este apelo angustiado”.


Vitalino Canas acredita igualmente que o Presidente da República ainda pode mudar o curso dos acontecimentos. O deputado socialista diz que “há alguns trunfos que ainda não foram jogados” e que espera ainda “alguma iniciativa e alguma capacidade de persuasão das partes envolvidas” vinda de Belém.


Negociar acesso ao fundo europeu “vai impor-se logo a seguir à cimeira”

“Não tenho dúvida em afirmar que o Presidente da República tem uma responsabilidade-chave a desempenhar num contexto como este. No quadro político actual, a construção de uma base governativa com mais de um partido é premente e só ele pode fazer esse trabalho”, afirma, por seu lado, Maria João Rodrigues, em entrevista ao “i”.

Até porque, sublinha a antiga ministra de Guterres e actual conselheira na União Europeia, “a necessidade de um quadro político mais vasto para negociar o acesso ao Fundo Europeu vai impor-se logo a seguir à cimeira (desta quinta e sexta-feira) e muito possivelmente antes das eleições”.

Também Marcelo Rebelo de Sousa defende que, desde já, antes mesmo de eleições, tem de ser preparado o terreno para um entendimento político alargado em torno um programa de ajustamento orçamental, sem o qual a situação financeira portuguesa irá degradar-se inexoravelmente.

Para o antigo líder do PSD e conselheiro de Estado de Cavaco Silva, é preciso garantir que há condições "para viabilizar um PEC em que seja possível um acordo mínimo e ir a seguir para eleições".

"Logo se vê quem executa o PEC. Era bom que o Governo que execute o PEC possa ser um Governo de três partidos: PS/PSD ou PSD/PS, conforme a escolha dos portugueses, e CDS", explicou.

O próprio líder social-democrata admitiu ontem a hipótese de, mesmo antes de eleições, integrar uma plataforma de entendimento que permita ao Governo dar garantias em Bruxelas de que vai fazer o que é necessário para baixar o défice de 4,6% neste ano, para 3% em 2012 e 2% em 2013.

Falando em Ermesinde, citado pela agência Lusa, Passos Coelho disse que eleições são “inevitáveis”, mas que, ainda assim, deve ser dada uma "oportunidade" ao governo socialista para "retirar as consequências políticas da forma como apresentou" as novas medidas de austeridade, "mas também da forma como tem gerido toda esta situação económica e financeira do país".


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