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Principais bancos portugueses não prevêem adoptar moedas digitais nem as recomendam

Responsáveis do Novo Banco, Millennium BCP, Caixa Geral de Depósitos e do Banco CTT disseram que as suas instituições financeiras não tencionam adoptar moedas digitais, nem as recomendam aos clientes por não conhecerem tal tecnologia.

Reuters
18 de Maio de 2018 às 12:38
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"É uma ideia que se baseia no desenvolvimento do 'blockchain' [tecnologia que permite guardar dados de forma descentralizada e privada], mas que não tem reserva de valor nem universalização e, por isso, é desaconselhada por nós", disse o presidente executivo do Novo Banco, António Ramalho, falando em Lisboa na conferência "Banca & Seguros: O Futuro do Dinheiro", organizada pelos meios TSF e Dinheiro Vivo e pelas empresas Iberinform Crédito y Caución e Sage.

Posição semelhante demonstrou Miguel Maya, vice-presidente da comissão executiva do Millennium BCP, que argumentou que a moeda digital (dinheiro armazenado na internet para ser usado em transacções) é "um activo que o banco tem muita dificuldade em valorizar".

Por isso, "não está previsto" adoptar tal tecnologia, nem a "recomendam aos clientes", acrescentou, intervindo num debate com outros responsáveis de bancos nacionais.

Miguel Maya notou, contudo, que este é "um tema complexo", manifestando "preocupação porque as pessoas investem sem ter consciência do que estão a fazer".

Também a Caixa Geral de Depósitos (CGD) "ainda não" prevê ter moedas digitais, de acordo com o administrador executivo José João Guilherme.

Além disso, "não conhecemos suficiente para recomendar aos nossos clientes e não podemos recomendar coisas que não conhecemos profundamente", referiu.

Luís Pereira Coutinho, presidente executivo do Banco dos Correios de Portugal (CTT), disse "não estar nada previsto para 'criptomoedas'" naquela instituição.

Antes, o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, sublinhou que "criptomoedas são activos, não são moedas, são activos cujo valor pode oscilar em função do subjacente e em função da crença que participantes do mercado têm no seu valor futuro".

O responsável máximo do regulador e supervisor bancário disse ainda que os bancos centrais estão a trabalhar na emissão de moeda digital, mas afirmou que "não é por ser digital que é moeda, mas porque tem curso legal e poder que garante todas as qualificações de moeda".

Na conferência, os responsáveis frisaram ainda a necessidade de adoptar soluções digitais para aumentar a interacção com os clientes, bem como para reduzir custos.

No Banco CTT isso ganha maior dimensão porque, de acordo com o presidente da instituição, "cerca de 40% da base de clientes são 'millennials'", isto é, jovens da geração da internet.

Esta percentagem verifica-se porque, a seu ver, naquela instituição existem, por exemplo, soluções de "desintermediação, sendo possível os clientes irem comprar produtos sem passar pelos bancos".

De acordo com António Ramalho, do Novo Banco, a "democratização tecnológica coloca grandes desafios aos bancos".

Ainda assim, este responsável destacou que "os bancos não têm nenhuma razão para não estar na linha de partida e mesmo na linha de chegada".

Aludindo às chamadas 'fintech', empresas tecnológicas que prestam serviços financeiros, António Ramalho afirmou serem "os maiores parceiros que a banca tem" na área da digitalização, e salientou a importância da "cooperação e colaboração" na área digital.

Por seu lado, "o nosso maior risco são as 'bigtech' [gigantes tecnológicas]", que "podem aceder à base de dados dos clientes" e oferecer serviços mais personalizados como sistemas de pagamentos próprios, enquanto a "banca está limitada", adiantou António Ramalho.

(Notícia actualizada às 14:30)
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