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Primeiro-ministro argelino: "Não somos a China, mas queremos investir em Portugal"
O primeiro-ministro argelino disse esta quarta-feira que a Argélia "não é a China" mas está interessada em investir em Portugal, assegurando que os problemas na EDP, onde a companhia estatal argelina tem uma participação minoritária, não arrefeceram as relações.
Os accionistas de referência da EDP, que incluem Estados estrangeiros como a Argélia, através da Sonatrach, que detém 2,38% do capital da eléctrica, anunciaram, na semana passada, que vão contestar nos tribunais internacionais o pagamento de 285 milhões de euros por alegada sobrecompensação no cálculo da disponibilidade das centrais que operavam em regime CMEC (Custos para a Manutenção do Equilíbrio Contratual).
Em entrevista à Lusa, Ahmed Ouyahia (na foto, com António Costa) que hoje esteve em Portugal para participar na V cimeira luso-argelina, afirmou que a controvérsia na EDP não foi abordada no encontro que manteve esta manhã com o seu homólogo António Costa acrescentando que cabe às empresas resolverem os diferendos
"Não falámos disso porque não é um grande problema. É um problema que existe, como em todo o lado, entre as empresas. Não é uma questão que perturbe as relações entre a Argélia e Portugal que são muito importantes, em vários domínios, incluindo a energia. Por isso, deixemos as empresas discutir entre si", disse.
Escusou-se a comentar uma eventual saída da Sonatrach do capital da EDP, já que a empresa argelina "é independente na sua actuação", mas considerou que não há intenções de abandonar a presença argelina no sector da energia em Portugal.
"A Argélia fornece-vos muito gás, fornece também muito petróleo e num determinado momento pensou mesmo entrar na distribuição da electricidade e gás em Portugal, por isso posso garantir que a Argélia não esta interessada em sair de Portugal em matéria de investimento no sector energético. Não me pronuncio em nome da administração [da Sonatrach], mas do que sei não tem intenção de partir", frisou.
Ahmed Ouyahia disse que a Argélia quer "desenvolver o volume das relações de negócios e investimento" e aproximar as empresas dos dois países e que as empresas argelinas poderão procurar outros sectores, fora da energia, que se revelem interessantes
"É certo que não somos a China, um país que respeitamos muito, que tem grandes meios e vem comprar empresas. A Argélia ainda está a travar a batalha do seu próprio desenvolvimento (...) mas se, além da energia, outros sectores forem interessantes, as empresas e o capital argelino terão sempre interesse em vir", reforçou o primeiro-ministro argelino.
Deu como exemplo da importância que "os amigos argelinos" atribuem às relações económicas entre Argélia e Portugal a criação de um novo conselho empresarial, que visa aproximar as empresas e potenciar a complementaridade, entre a experiência portuguesa e o "grande mercado" argelino.
O objectivo do novo órgão, hoje anunciado, é proporcionar "uma relação mais permanente e fluida" entre empresas portuguesas e argelinas.