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Presidente alemão pede desculpa por tentativa de pressão sobre tablóide Bild

O Presidente da Alemanha, Christian Wulff, pediu hoje desculpa por tentar impedir a publicação na imprensa de revelações sobre um empréstimo particular, considerando as pressões "indignas de um chefe de Estado", mas anunciou que continuará no cargo.

04 de Janeiro de 2012 às 20:04
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"Nem agora, no cargo de Presidente, nem antes, violei qualquer lei, não é disso que se trata", alegou o político democrata-cristão, em entrevista simultânea aos dois canais da televisão pública, ARD e ZDF.

Wulff rejeitou também a ideia de ser, a partir de agora, um Presidente à prova, asseverando que, nos últimos dias, recebeu um grande apoio de cidadãos e dos seus colaboradores.

Wulff, que pediu para ser avaliado só no final do seu mandato de cinco anos, em 2015, admitiu, no entanto, que a tentativa de pressionar o tablóide Bild a não publicar um artigo sobre um empréstimo de 500 mil euros que lhe foi feito por um empresário amigo "foi um grave erro", que disse lamentar, apresentado desculpas pelo seu comportamento perante milhões de telespectadores.

O chefe de Estado germânico acrescentou que considera telefonemas para tentar evitar que saiam críticas na imprensa "incompatíveis" com o exercício da sua função.

Quando ao empréstimo particular que esteve na base das revelações do Bild, Wulff alegou que "não gostaria de ser Presidente de um país em que uma pessoa não pode pedir dinheiro emprestado a um amigo", apelando para mais respeito pela sua vida privada.

O presidente alemão contestou na mesma entrevista outras acusações de que terá depois obtido um empréstimo de um banco público a juros mais favoráveis do que o normal para liquidar o empréstimo em questão, e defendeu também o seu direito a passar férias na casa de empresários amigos, outra acusação de que foi alvo.

"Se todos os políticos deixarem de poder dormir em casa de amigos, ou estes tiverem de lhes apresentar a conta por dormirem no quarto para convidados, a nossa República não ficaria melhor", advertiu.

O presidente revelou ainda que recebeu 400 perguntas sobre os casos em questão, e que o seu advogado colocará todos os documentos relativos aos mesmos na Internet, a partir de quinta-feira.

Wulff foi eleito presidente em 2011, de forma indirecta, na Assembleia Federal por proposta da chanceler Angela Merkel, para substituir Horst Köhler, que se demitiu inesperadamente, depois de ter sido criticado por afirmar que a Alemanha devia defender os seus interesses.

Merkel, que só regressa na quinta-feira de férias de Natal e Ano Novo, manifestou apoio a Wulff, quando saíram as primeiras notícias sobre o empréstimo contraído pelo Presidente, mas não reiterou publicamente esse apoio desde as revelações surgidas no início desta semana de que Wulff terá tentado pressionar o Bild.
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