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Portugueses abrem “shoppings” na China
O investimento luso ainda não é significativo, mas os empresários portugueses começam a arriscar mais na China.
He Mai Plaza. Eis o nome do primeiro centro comercial promovido por empresas portuguesas na China. Em fase inicial de obra, ocupando um terreno de 17 mil metros quadrados, o empreendimento está a ser erguido na cidade de Jinan (situada na costa leste a Norte de Xangai), que conta com uma população da ordem dos cinco milhões de habitantes. Ainda sem data de inauguração marcada, o "shopping" (na foto) terá 35 lojas, numa área bruta locável de 17 mil metros quadrados.
Este empreendimento comercial, que terá ainda associado um hotel a desenvolver por outras entidades, deverá representar um investimento da ordem dos 100 mil yuan, o que equivale a aproximadamente 10 milhões de euros. O projecto é promovido pelas construtoras portuguesas Casais e Eusébios, em parceria com o grupo de Roger Schiltz, empresário francês que possui em Portugal os "shoppings" Glicínias, em Aveiro, e o Foz Plaza, na Figueira da Foz.
"Não queremos estar nas grandes cidades. A nossa presença na China tem como objectivo desenvolver, promover e gerir centros comerciais médios em cidades de média dimensão, onde este tipo de empreendimento é praticamente inexistente, acautelando assim o risco do negócio", explicou, ao Jornal de Negócios, Mário Fernandes, administrador da Schiltz, Casais & Eusébios Investimentos, sociedade detida em partes iguais pelos três parceiros.
Já em Ningbo, cidade localizada no lado oposto à baía de Xangai, a trilogia empresarial de maioria portuguesa tem em fase de aprovação um empreendimento de maior dimensão, composto por um centro comercial e duas torres habitacionais, de 20 pisos cada. Numa "joint venture" com um parceiro chinês, cuja identidade não foi revelada, o projecto está orçado em 200 mil yuan, ou seja, cerca de 20 milhões de euros.
De resto, Shiltz, Casais & Eusébios garantem que estão na China para ficar. "Temos uma estrutura própria e sedeada em Xangai. O nosso objectivo é estar na promoção imobiliária a longo prazo na China. Trata-se de uma iniciativa que comporta algum risco, mas acreditamos muito no que estamos a fazer", concluiu Mário Fernandes, arquitecto, 31 anos, responsável pela área imobiliária do grupo Casais.
Investimento global cresce, nos dois sentidos
As empresas portuguesas estão a entrar na China devagarinho, mas seguras de que têm que estar na economia que mais cresce a nível mundial. Nem mesmo a depreciação do yuan face ao euro as tem demovido desse intento.
Na visita oficial à China, em Janeiro último, José Sócrates fez ecoar a mensagem de que no mercado chinês há inúmeras possibilidades de investimento: projectos de infra-estruturas, privatizações ou deslocalizações industriais. E para contornar a limitada dimensão das empresas portuguesas, disse que a solução seriam consórcios com entidades locais ou outros parceiros estrangeiros. Mas convém realçar que a abordagem ao mercado chinês obriga a uma presença constante e forte, sendo o contacto pessoal e as relações de confiança factores indispensáveis para ter sucesso.
Dados do Banco de Portugal revelam que enquanto destino de investimento directo português no exterior, a China ocupa o 53º lugar, o que não está em linha com o facto de o país ser um dos principias receptores mundiais de investimento. Entre 2001 e 2005, o investimento directo de Portugal na China atingiu valores pouco significativos, embora nos últimos dois anos se tenham verificado valores superiores a um milhão de euros. O certo é que cada vez são mais os exemplos de empresas portuguesas a marcar presença na China.
Além de grandes grupos, como PT, EDP, CGD, BES, BCP, Efacec, Sonae, Amorim e Iberomoldes, há pequenos casos de sucesso como Ydreams, Altitude Software, Organtex, Vinocor, Filstone, Impetus, Salsa, Petit Patapon, Habidecor e Adega Cooperativa de Borba.
Em termos de investimento directo da China em Portugal, entre 2001 e 2005 foi muito reduzido. O Banco de Portugal refere que só em 2002 é que se registaram valores com algum significado, com o investimento líquido a atingir 1,5 milhões de euros. A China aparece em 2005 na 59ª posição do ranking dos investidores estrangeiros em Portugal. Mais recentemente, têm surgido novas oportunidades de negócio para as empresas chinesas. Exemplo disso é a entrada da China Shipping e da Cosco nos portos portugueses, bem como a representação pela Salvador Caetano da marca chinesa de automóveis Brilliance.