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Portugália: a torre da discórdia a caminho dos tribunais

Sombra constante sobre os prédios à volta, desconfiguração da paisagem, aumento de tráfego numa zona que está já muito congestionada. As críticas à nova torre projetada para o quarteirão da cervejaria Portugália, em Arroios, são mais que muitas e já está sobre a mesa a possibilidade de travar a obra em tribunal.

23 de Maio de 2019 às 11:28
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Ao todo serão 60 metros de altura, 16 andares, numa zona onde não há nada semelhante e onde a nova torre se destacaria na paisagem projetando uma sombra constante sobre os edifícios à volta e atraindo para a zona, já de si muito congestionada, centenas de novos moradores e utilizadores. O diagnóstico está feito pelos moradores locais que se juntaram e ponderam avançar para tribunal por forma a travar a execução da obra.

 

O projeto para o quarteirão da cervejaria Portugália, em Arroios, Lisboa, está em consulta pública até 18 de junho, e nas duas sessões de esclarecimento já realizadas ficou claro que não reúne simpatias entre quem vive na zona. Segundo a Lusa, a Associação Vizinhos em Lisboa, que agrega os coletivos Vizinhos do Areeiro, Vizinhos da Penha de França, Vizinhos de Alvalade, Vizinhos das Avenidas Novas e Vizinhos de Arroios estão a estudar a forma de contestar a construção, que poderá passar pelos tribunais. Entretanto, os promotores desdobram-se em explicações e esgrimem argumentos pela positiva.

 

Entretanto foi também formado o movimento "Stop Torre 60m Portugália", que tem reunido assinaturas contra a construção da torre, que, defende, "entra como um óvni naquele espaço", quando o que se devia fazer era pensar na "Almirante Reis de forma integrada".

 

A ideia é que sejam construídos quatro edifícios, entre os quais a torre da polémica. Ao todo serão cerca de 85 apartamentos "destinados a jovens profissionais e famílias de classe média", 180 unidades de habitação de convivência – o chamado co-living –, escritórios, espaços comerciais, 413 lugares de estacionamento para automóveis e 99 para motas. Serão também reabilitados os edifícios já existentes, da Portugália, incluindo a antiga fábrica, e construídas duas praças ajardinadas abertas ao público e onde será possível atravessar a Avenida Almirante Reis e a Rua António Pedro.

 

Casas para a classe média

 

Um dos argumentos dos projetistas é que as casas para habitação se destinam a famílias de classe média e são para venda à classe média, sendo que uma família com uma remuneração na média nacional não gastará aqui mais de 30% do seu orçamento, segundo cita o Diário de Notícias.

 

José Gil, representante do promotor, citado pela Lusa, reforçou que um T2 terá uma renda de empréstimo "à volta de 850 euros" sem, no entanto, revelar mais pormenores.

 

Investidor é um fundo de alemães reformados

O projeto é  da autoria da empresa ARX Portugal Arquitetos e, segundo explicaram na sessão pública de esclarecimento, o investidor é um fundo de pensões de médicos e veterinários alemães.

 

O Diário de Notícias revelou, entretanto, que a organização se chama Sachisische Arzteversorgung (SAEV) e que é de facto um fundo de pensões dos médicos e veterinários do estado da Saxónia, baseado em Dresden, com 19 mil membros ativos e 4,5 mil pensionistas associados. Em Portugal, o Fundo Imobiliário Fechado Sete Colinas pertence a uma sociedade chamada Real Added Value SCS, registada no Luxemburgo.

O projeto entrou na Câmara em janeiro, teve uma primeira apreciação técnica positiva e encontra-se em fase de consulta pública. Pode ser consultado online, no site da autarquia. Deverá ser feito ainda mais um debate, desta vez na Faculdade de Arquitetura.

 

 

 

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