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Portugal integra rede mundial de telescópios interligados em modo digital
O mundo da astronomia mudou muito nos últimos 25 anos, mas vai "sofrer alterações brutais" nos próximos anos, disse este sábado o ministro da Ciência, que anunciou que Portugal vai integrar uma rede mundial de telescópios interligados de modo digital.
Em declarações à agência Lusa em Constância, no distrito de Santarém, na 25.ª edição da Astrofesta, o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, antecipou os desafios do futuro, tendo afirmado que, "hoje, Portugal participa num grande projecto à escala mundial para poder ligar todos os telescópios de uma forma digital", incluindo os instalados no Centro de Ciência Viva de Constância - Parque de Astronomia.
"Se é verdade que os últimos 25 anos foram de grande transformação em Portugal de introdução da cultura científica nos portugueses, também é verdade que os próximos 25 anos na área da astronomia vão sofrer alterações brutais", afirmou o governante na abertura oficial do evento, que reúne até domingo cerca de mil astrónomos portugueses e de outras nacionalidades, profissionais e amadores, investigadores e professores, entre outros.
Sendo a Astrofesta "a mais antiga festa de astronomia do país, uma festa que é referência a nível nacional e no estrangeiro", reunindo todos os anos centenas de pessoas durante três dias, Manuel Heitor disse que a astronomia "é essencial para melhorar o conhecimento da Terra (...) e, também, e sobretudo, para explorar novas actividades de âmbito social e económico".
Para o governante, a Astrofesta "é a mais representativa, mas também é aquela que está associada desde o princípio aquilo que é a ciência moderna em Portugal", tendo destacado o trabalho de astrónomos como Máximo Ferreira, director do Centro Ciência Viva de Constância, que, "ao longo de 25 anos, ajudaram a desenvolver aquilo que é essencial, que é a atracção do público pelo conhecimento científico".
Como vincou o ministro, "a reunião aqui [em Constância] de mil pessoas é certamente o reconhecimento dos últimos 25 anos e uma clara demonstração de capacidade da astronomia para o futuro de Portugal e para aquilo que é a interacção [do país] no mundo e numa economia do conhecimento".
Em declarações à Lusa, Máximo Ferreira lembrou que tudo começou com "dois pequenos telescópios metidos numa carrinha" que conduziu até à Serra D´Ossa, no Redondo, em 1994, tendo levado a astronomia no ano seguinte às praias do Algarve, num espírito de missão e de divulgação que partilhou com o antigo ministro Mariano Gago.
"As pessoas não vinham aos telescópios, levávamos nós os telescópios até onde estavam as pessoas", recordou, lembrando que o programa de "divulgação da astronomia e das ciências em geral" estendeu-se às regiões do interior em 1997 com o programa Ciência no Verão, que se mantém até ao dias de hoje.
No ano em que se comemoram 25 anos de Astrofesta, este evento apresenta um programa variado que envolve observações do céu (à vista desarmada e com telescópios), um minicurso de introdução à Astronomia, uma pequena feira interactiva de ciência e várias palestras, de entre as quais se destaca uma dedicada à estranha galáxia designada por CR7.
Este ano anuncia-se como novidade uma palestra sobre radioastronomia e actividades com um radiotelescópio. Haverá um momento de apresentação de uma pequena brochura evocativa dos 25 anos de Astrofestas, vários momentos de música proporcionada pelo carrilhão móvel do CICO, duas exposições ("astropintura" e "relógios de Sol"), o acesso público ao Lago Arquimedes e refeições ligeiras numa tenda preparada para o efeito.