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Plano de produção de bombas nucleares de Trump divide cidade

Um complexo à beira do rio Savana, na Carolina do Sul, produziu trítio e plutónio para armas nucleares dos EUA durante a Guerra Fria, empregando milhares de pessoas, mas deixando um legado tóxico de resíduos radioativos.

EPA
11 de Julho de 2020 às 12:00
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Agora, o governo do presidente Donald Trump propõe gastar 9 mil milhões de dólares ao longo de 10 anos para reiniciar a produção de componentes para bombas ali e num outro local. O plano trouxe a perspetiva de novos empregos, mas também reacendeu os receios ambientais, além dos alertas sobre uma nova corrida ao armamento nuclear numa altura em que expiram importantes acordos com a Rússia.

"É um desperdício de dinheiro e perigoso", disse Stephen Young, especialista em controlo de armas e questões de segurança internacional.

O plano de Trump, anunciado pelos departamentos de Energia e Defesa em 2018, propõe a retoma da produção de esferas de plutónio para bombas nucleares no complexo da Carolina do Sul e noutro localizado no estado do Novo México. As esferas do tamanho de uma bola de bowling atuam como gatilho de uma ogiva nuclear, desencadeando a reação em cadeia explosiva.

Os EUA não produzem essas esferas à escala industrial há quase três décadas. A Administração Nacional de Segurança Nuclear (NNSA), divisão do Departamento de Energia responsável pela produção de ogivas nucleares para o Departamento de Defesa, afirma que as esferas existentes precisam de ser substituídas porque estão a envelhecer e porque há avanços tecnológicos que garantem maior segurança. A ideia tem apoio do Congresso.

"Os EUA não podem adiar o restabelecimento dessa capacidade crítica", afirma o website da NNSA. "Atrasar a restauração dessa capacidade pode resultar em aumento de custos e riscos para a segurança nacional".

Embora a retoma da produção de gatilhos para armas nucleares tivesse o apoio de Obama, o governo de Trump propôs aumentar os recursos dedicados à iniciativa em 72% e remodelar o complexo do Departamento de Energia à beira do rio Savana, no condado de Aiken, Carolina do Sul.

O plano prevê a produção de pelo menos 80 esferas por ano: 50 perto do rio Savana e 30 em Los Alamos, no Novo México.

A expectativa é que o Senado aprove no final do mês a legislação que autorizaria a disponibilização inicial de 1,4 mil milhões de dólares solicitados pelo governo Trump. A Câmara dos Representantes está a trabalhar numa versão própria que contempla a mesma quantia, mas pode estar sujeita a emendas porque deputados democratas expressaram reservas sobre o plano.

A NNSA pode decidir sobre o plano para o complexo no rio Savana no quarto trimestre.

A comunidade próxima do rio Savana está dividida entre os que estão preocupados com a contaminação e os que anseiam por empregos no contexto da pandemia. O complexo ainda é um dos maiores empregadores do estado, produzindo material nuclear desde 1988, incluindo o programa espacial e iniciativas de medicina e investigação. A produção de esferas no local criaria mais de 1.000 empregos.

Mas o complexo, com cerca de 800 km2, é apontado como prioridade para limpeza pela Agência de Proteção Ambiental desde 1989, em parte devido aos 140 milhões de litros de resíduo líquido altamente radioativo armazenado em tanques no local.

No entanto, o conselho do condado de Aiken aprovou duas vezes e por unanimidade as resoluções de apoio à retoma da produção de esferas de plutónio.

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