O apelo de António Pires de Lima foi assumido durante uma palestra numa livraria em Bruxelas, onde enalteceu repetidamente o que disse ser uma recuperação "da confiança e credibilidade" da economia portuguesa, que se acelerou a partir de 2013.

O governante referiu-se à crise política de Julho de 2013, com as demissões dos então ministros da Economia Vítor Gaspar e dos Negócios Estrangeiros Paulo Portas, para afirmar que dificilmente se esperaria que no final de Fevereiro de 2014 se discuta se Portugal vai ou não concluir o programa de assistência financeira, mas "a forma como vai sair".

Pires de Lima sublinhou "a correcção do défice externo", que tem progredido "substancialmente", e elogiou várias vezes a capacidade das empresas em Portugal, os "verdadeiros obreiros da recuperação".

O ministro defendeu que Portugal deve prosseguir uma linha de internacionalização da economia, apontando como exemplos a América Latina, Ásia e Norte de África, para aumentar "o investimento reprodutivo" por parte de agentes estrangeiros.

Ao longo do seu discurso, Pires de Lima apontou contudo o desemprego como o principal problema a combater e reconheceu os elevados custos de financiamento para as empresas portuguesas: "Não se pode falar de verdadeiro sucesso enquanto a economia não tiver pujança para criar mais emprego".

O ministro da Economia exaltou medidas como a reforma do sector judiciário ou do IRC (elogiando nesta segunda a convergência com o PS), mas defendeu que é preciso continuar em áreas como a desburocratização da actividade empresarial, a reforma do IRS ou reduzir os impostos sobre o trabalho "em 2015 e nos anos seguintes".

Neste contexto, António Pires de Lima apelou para uma "disponibilidade para o compromisso" em áreas que fomentem o crescimento da economia, referindo-se principalmente "ao maior partido da oposição".

"A sociedade espera que os políticos construam abertura para os compromissos", declarou.

No final, aos jornalistas, Pires de Lima rejeitou fazer comentários sobre política nacional, afirmando apenas, quando questionado sobre o PS: "Eu acho que as minhas palavras foram suficientemente claras, cada um interpreta-as como muito bem entende, nomeadamente os senhores jornalistas."