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Petróleo, tapetes persas e pistachios: vão entrar em vigor sanções dos EUA ao Irão
A Administração vai impor, a partir desta terça-feira, novas sanções a Teerão, tendo reafirmado a intenção de aplicar sanções ainda mais duras sobre as vendas de petróleo daquele país a partir de Novembro.
Numa altura em que o presidente iraniano, Hassan Rohani, se vê cada vez mais pressionado em matéria económica e política, o seu homólogo dos EUA anunciou que a partir de amanhã vai restabelecer algumas sanções a Teerão. Donald Trump foi mais longe e acrescentou que a partir de Novembro será ainda mais duro no querespeita às exportações iranianas de crude.
Trump assinou esta segunda-feira uma ordem executiva que restringe a compra de dólares por parte do Irão, impossibilitando assim que aquele país transaccione ouro e outros metais preciosos e impedindo também que compre ou venda vários outros metais industriais que são denominados naquela moeda.
As medidas, que entram em vigor esta terça-feira, 7 de Agosto, visam também a indústria automóvel e boicotam a importação pelos EUA de tapetes persas e pistachios.
Num discurso à nação emitido na TV, Rohani disse que o Irão está aberto a negociações se os EUA forem "sinceros". Mas declarou, citado pela Bloomberg, que quaisquer esforços nesse sentido serão infrutíferos se o Irão já estiver a ser alvo de sanções.
"Negociações ao mesmo tempo que as sanções? Que significado tem isso?", questionou-se o presidente iraniano.
No passado dia 30 de Julho, Trump garantiu que estava disponível para se reunir com os líderes iranianos "a qualquer altura" e sem "qualquer exigência ou pré-requisito", mas nada avançou.
Hoje, Rohani disse, citado pela Reuters, que os EUA irão arrepender-se de impor sanções a Teerão. "A América irá lamentar ter imposto sanções ao Irão. Os EUA já estão isolados no mundo. Estão a impor sanções às crianças, aos doentes e à nação iraniana", declarou.
O presidente iraniano tinha já advertido a 22 de Julho os Estados Unidos para não "brincarem com a cauda do leão", assegurando que um conflito com Teerão será "a mãe de todas as guerras".
Recorde-se que no passado dia 8 de Maio o chefe da Casa Branca anunciou a sua retirada do acordo internacional de 2015 destinado a impedir o Irão de obter a bomba nuclear e que travava o seu processo de enriquecimento de urânio, por o considerar demasiado permissivo.
Nessa altura, anunciou que iria restabelecer todas as sanções norte-americanas suspensas no âmbito deste acordo, incluindo as sanções secundárias contra as empresas estrangeiras que continuam a negociar com Teerão.
Na sequência desta decisão de Trump de rasgar o acordo nuclear com o Irão – que é um dos maiores produtores da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) – o presidente norte-americano ameaçou entretanto com sanções os países e empresas que não tivessem deixado de comprar petróleo ao Irão até 4 de Novembro próximo, dizendo que teriam de optar entre os seus investimentos no Irão e o seu acesso ao mercado dos EUA.
Entretanto, já recuou nesta sua ameaça a quem negoceie com o Irão, mas a qualquer momento poderá anunciar nova decisão nesse sentido.
Os aliados europeus dos EUA que não rasgaram o acordo nuclear com Teerão condenam Trump pela decisão de reimpor sanções àquele país do Médio Oriente.