Notícia
Perdas de água na rede pública custam 88 milhões de euros por ano, diz regulador
A ERSAR registou em 2021 perdas reais de 175 milhões de metros cúbicos nas redes em baixa. Esta água que não é faturada pelos municípios equivale ao consumo de 3,6 milhões de habitações, garante o regulador.
De acordo com o mais recente relatório anual da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR), que se reporta a dados de 2021, dos 824 milhões de metros cúbicos de água que deram entrada no sistema, 175 milhões de metros cúbicos dizem respeito a perdas reais nas redes em baixa e água que não é faturada pelos municípios. Um volume que equivale ao consumo de 3,6 milhões de habitações, garante o regulador.
Nos últimos anos (pelo menos desde 2019), a perda de milhões de litros de água por ano na rede pública nacional tem vindo sempre a aumentar, o que equivale a custos excessivos de 88 milhões de euros por ano.
Contas feitas, revelou a ERSAR esta segunda-feira na segunda edição anual das "Conferências de Março", a manter-se esta tendência nos próximos anos, até 2030 as perdas reais de água em Portugal vão representar cerca de 620 milhões de gastos extra por parte das entidades gestoras (os municípios ou as empresas a quem entreguem a concessão) na compra de água a grandes empresas do setor, como por exemplo o Grupo Águas de Portugal, entre outras.
Somando a estes 175 milhões de metros cúbicos, mais 23 milhões que são perdidos nas redes em alta, o total anual ascende a 197 milhões de metros cúbicos, o equivalente à massa de água de 1,5 vezes a albufeira de Odeleite, no Algarve, cabendo grande parte da responsabilidade destas perdas às entidades gestoras, diz a ERSAR. Isto porque não apostam o suficiente na reabilitação das condutas (atualmente a um ritmo de 0,6%, quando deveria ser de 2%), porque não fazem a devida monitorização da rede nem instalam sistemas de cadastro e telemetria para aumentar o conhecimento e a eficiência da infraestrutura que gerem.
Além disso, os 154 milhões de metros cúbicos de águas pluviais (chuva) que anualmente engrossam os volumes tratados nas ETAR têm também um custo extra de 68 milhões de euros por ano. Até 2030, calcula a ERSAR, estas afluências indevidas contabilizadas nas ETAR vão representar cerca de 475 milhões de euros.
Défice tarifário pode chegar a 830 milhões de euros em 2030
Outra realidade para a qual os números da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos apontam é a de que as tarifas cobradas pelos serviços de saneamento e de gestão de resíduos pelas entidades gestoras continuam a não recuperar os gastos, com tendência, desde 2018, para agravamento desta situação no caso da gestão de resíduos urbanos. Um cenário que dá origem a um défice tarifário anual de cerca de 120 milhões de euros e que, a manter-se, pode ascender em 2030 a 830 milhões de euros de défice tarifário no setor da água.
A maioria das entidades gestoras que não recuperam os gastos com a prestação dos serviços de águas e resíduos opera em regime de gestão direta (serviços municipais, municipalizados e associações de municípios), sendo esta questão mais evidente no setor em baixa da gestão de resíduos urbanos.
"Se as tarifas cobradas cobrirem realmente o custo dos serviços, o dinheiro pode ser investido pelas entidades gestoras na reabilitação das condutas para evitar perdas de água no sistema", rematou a ERSAR.
Neste contexto, e por considerar que em alguns pontos do país o preço pago pela água ainda tem margem para subir, sem pôr em causa a acessibilidade a um bem essencial, a ERSAR recomenda que a chamada tarifa em alta (que afeta a parte do mercado onde operam grandes empresas como o Grupo Águas de Portugal, por exemplo, que depois abastecem os municípios mediante o pagamento de uma tarifa) deve ser atualizada em cerca de 2% este ano.
Quanto à taxa de gestão dos resíduos urbanos, a ERSAR também fará a sua recomendação de aumento das tarifas, que se prevê que seja bastante superior a 2%.
Estes aumentos em alta impactarão diretamente nos custos das 354 entidades gestoras a nível nacional que fazem chegar a água à torneira dos portugueses e que deverão refleti-los nas tarifas em baixa, onde os preços cobrados e as respetivas atualizações anuais cabem aos municípios ou às empresas a quem entregam as concessões.
A ERSAR não pode fixar preços, mas defende que em 2023 se justificam aumentos tarifários aos clientes finais acima dos 2% já calculados para a captação e tratamento de água.
Nos últimos anos (pelo menos desde 2019), a perda de milhões de litros de água por ano na rede pública nacional tem vindo sempre a aumentar, o que equivale a custos excessivos de 88 milhões de euros por ano.
Somando a estes 175 milhões de metros cúbicos, mais 23 milhões que são perdidos nas redes em alta, o total anual ascende a 197 milhões de metros cúbicos, o equivalente à massa de água de 1,5 vezes a albufeira de Odeleite, no Algarve, cabendo grande parte da responsabilidade destas perdas às entidades gestoras, diz a ERSAR. Isto porque não apostam o suficiente na reabilitação das condutas (atualmente a um ritmo de 0,6%, quando deveria ser de 2%), porque não fazem a devida monitorização da rede nem instalam sistemas de cadastro e telemetria para aumentar o conhecimento e a eficiência da infraestrutura que gerem.
Além disso, os 154 milhões de metros cúbicos de águas pluviais (chuva) que anualmente engrossam os volumes tratados nas ETAR têm também um custo extra de 68 milhões de euros por ano. Até 2030, calcula a ERSAR, estas afluências indevidas contabilizadas nas ETAR vão representar cerca de 475 milhões de euros.
Défice tarifário pode chegar a 830 milhões de euros em 2030
Outra realidade para a qual os números da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos apontam é a de que as tarifas cobradas pelos serviços de saneamento e de gestão de resíduos pelas entidades gestoras continuam a não recuperar os gastos, com tendência, desde 2018, para agravamento desta situação no caso da gestão de resíduos urbanos. Um cenário que dá origem a um défice tarifário anual de cerca de 120 milhões de euros e que, a manter-se, pode ascender em 2030 a 830 milhões de euros de défice tarifário no setor da água.
A maioria das entidades gestoras que não recuperam os gastos com a prestação dos serviços de águas e resíduos opera em regime de gestão direta (serviços municipais, municipalizados e associações de municípios), sendo esta questão mais evidente no setor em baixa da gestão de resíduos urbanos.
"Se as tarifas cobradas cobrirem realmente o custo dos serviços, o dinheiro pode ser investido pelas entidades gestoras na reabilitação das condutas para evitar perdas de água no sistema", rematou a ERSAR.
Neste contexto, e por considerar que em alguns pontos do país o preço pago pela água ainda tem margem para subir, sem pôr em causa a acessibilidade a um bem essencial, a ERSAR recomenda que a chamada tarifa em alta (que afeta a parte do mercado onde operam grandes empresas como o Grupo Águas de Portugal, por exemplo, que depois abastecem os municípios mediante o pagamento de uma tarifa) deve ser atualizada em cerca de 2% este ano.
Quanto à taxa de gestão dos resíduos urbanos, a ERSAR também fará a sua recomendação de aumento das tarifas, que se prevê que seja bastante superior a 2%.
Estes aumentos em alta impactarão diretamente nos custos das 354 entidades gestoras a nível nacional que fazem chegar a água à torneira dos portugueses e que deverão refleti-los nas tarifas em baixa, onde os preços cobrados e as respetivas atualizações anuais cabem aos municípios ou às empresas a quem entregam as concessões.
A ERSAR não pode fixar preços, mas defende que em 2023 se justificam aumentos tarifários aos clientes finais acima dos 2% já calculados para a captação e tratamento de água.