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PCP: "É um completo absurdo" que dinheiro para Eurovisão provenha de fundo turístico

O vereador do PCP na Câmara Municipal de Lisboa Carlos Moura disse esta quinta-feira que é um "completo absurdo" que o investimento de cinco milhões de euros do município na Eurovisão provenha de um fundo municipal ligado ao turismo.

Bruno Simão/Negócios
15 de Março de 2018 às 20:46
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A Câmara de Lisboa apreciou hoje, em reunião privada, uma proposta que prevê um investimento de cinco milhões de euros para a organização da Eurovisão - "que representa cerca de 1/3 dos custos da organização" -, dos quais 2,8 milhões serão transferidos para a RTP, através de um protocolo a celebrar entre o município, a estação pública de televisão e a Associação de Turismo de Lisboa (ATL).

 

O financiamento para a Eurovisão será proveniente do Fundo de Desenvolvimento Turístico de Lisboa.

 

A proposta, assinada pelo vereador das Finanças, João Paulo Saraiva, foi aprovada com os votos favoráveis do PS, PSD e CDS-PP, e os votos contra dos eleitos do PCP e BE.

 

Ouvido pela agência Lusa no final da reunião, o vereador Carlos Moura afirmou ser "um completo absurdo que a Câmara Municipal de Lisboa esteja a recorrer a um fundo municipal de turismo, que devia ter sido criado precisamente para atalhar as questões de utilização dos turistas dos equipamentos da cidade e que afinal serve para pagar a Altice Arena".

 

O documento prevê a "contratação da cedência do espaço principal para realização do evento (Altice Arena), com um valor estimado de 2.042.000,00 euros (dois milhões e quarenta e dois mil euros), acrescidos de IVA".

 

Para o PCP, o preço para a utilização da Altice Arena "é completamente escandaloso", uma vez que "este é um equipamento construído com fundos públicos, que sempre foi muito rentável e que foi vendido a um privado".

 

"O festival pode ser importante, pode ter um aspecto de projecção da cidade e do país, que são importantes, não negamos isso, mas não pode ser a cidade de Lisboa a arcar com as consequências desta maneira e a arcar sozinha com os custos" do investimento, considerou o vereador comunista.

 

Ainda que admitindo um impacto positivo do ponto de vista turístico e económico, Carlos Moura falou na pressão que os 30 mil visitantes esperados terão no dia-a-dia da cidade, salientando que "não é líquido falar com a ligeireza com que tudo é tratado".

 

O comunista referiu também a abertura de vagas para voluntariado, argumentando que a "organização está a colocar pessoas com actividades específicas, como voluntários, através de trabalho gratuito". "Não pode valer tudo", advogou.

 

A proposta que foi aprovada pelo executivo salienta que, "para a edição de 2018, são estimados perto de 30.000 visitantes, dos quais 27.000 provenientes do estrangeiro, e um impacto económico de cerca de 25,6 milhões de euros".

 

Questionada pela Lusa, a Câmara de Lisboa apontou que "a Eurovisão é um dos maiores eventos mundiais". "Estamos muito empenhados em fazer da edição de Lisboa um êxito", acrescentou fonte municipal.

 

Também o PSD defendeu que a Eurovisão "tem custos, mas vai por Lisboa no mapa e vai dar momentos de protagonismo em todo o mundo".

 

Na reunião, os vereadores aprovaram também por unanimidade a atribuição de 120 mil euros até 2020 ao Teatro da Comuna.

 

O executivo aprovou ainda a atribuição do nome "Largo Fundação Champalimaud" ao arruamento onde se localização a fundação, à avenida Brasília, "até à data sem topónimo", proposta que contou com os votos favoráveis do PS, PSD e CDS-PP, e os votos contra de PCP e BE.

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