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Parlamento "vendido" durante meia hora

O protesto durou pouco tempo, mas a imagem ficou. Numa faixa colocada na varanda do Parlamento lia-se "vendido". O propósito era contestar as privatizações. Assembleia da República instaurou inquérito interno.

Negócios 22 de Junho de 2015 às 19:02
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Enquanto em Bruxelas o dia começava com negociações em torno da crise grega, em Portugal a Assembleia da República foi "vendida". O período de venda não é unânime. Enquanto os autores reclamam meia hora de exposição da faixa, a Secretaria-Geral do Parlamento não contou mais de quatro minutos. 

O episódio aconteceu esta segunda-feira, pelas nove horas da manhã e foi registado pelos próprios autores num vídeo já partilhado na Internet, que acusam o Governo de ter vendido "tudo o que podia, por tuta e meia".

 

Em declarações ao Negócios, a Secretaria-Geral da Assembleia da República (AR) revela que ainda não foram encontrados os responsáveis pela colocação da faixa na varanda e aguarda pela conclusão do inquérito interno, entretanto aberto. O grupo "Eu Não Me Vendo" reagiu imediatamente na sua página do Facebook: Este é "um parlamento que não investiga as privatizações e responsabiliza os procedimentos pouco claros, mas está preocupado com a denúncia. Para a maioria o problema não é terem vendido o país, é que isso se saiba", acusam.

 

"Ideias diferentes ainda não passaram a ameaça", diz, em declarações ao Negócios, Nuno Ramos de Almeida, dirigente do grupo político Agir, que conta com alguns membros do movimento responsável pelo protesto no Parlamento. A estrutura da AR está preparada para detectar ameaças à segurança e este gesto foi apenas uma acção pacífica e simbólica, como de resto se prevê que sejam todas as próximas, afirma.

 

No site eunaomevendo.pt, lê-se que a venda da TAP e as negociações da venda da Carris e do Metro são "negociatas, com escritórios amigos" e que o Governo entregou a soberania nacional "aos pés da chanceler alemã Merkel". "A nossa soberania foi vendida, os nossos serviços públicos destruídos, a nossa economia serve para salvar bancos. As reformas são cortadas, os pensionistas roubados, mas as PPP e Swaps são sagradas", acusam.

 

"Achamos escandaloso a redução da soberania nacional sem recurso a uma discussão aprofundada e em conjunto", afirma Ramos de Almeida. O grupo critica não só as privatizações, concluídas e em curso, mas também a forma como as mesmas têm sido negociadas. "Os processos não são claros. Em muitos casos há uma licitação directa de pessoas interessadas, não há um concurso público, nem temos acesso aos contratos, enquanto cidadãos", acrescenta. O dirigente relembra ainda a legitimidade desse direito quando falamos de empresas construídas com contribuições de gerações anteriores.

 

Nuno Ramos de Almeida diz-se satisfeito com a acção simbólica, mas ambiciona uma mudança política. "Tudo o que leve à discussão pública é positivo, mas não chega. É preciso que exista uma repercussão a nível político."

 

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