A comissão de assuntos económicos financeiros do Parlamento Europeu opôs-se à nomeação de Yves Mersh, o governador banco central do Luxemburgo, para membro do Conselho Executivo do BCE, justificando a posição com o facto deste órgão ser preenchido apenas com homens.

A opinião da comissão é um apelo a que os líderes da Zona Euro escolham mulheres para lugares relevantes em instituições europeias. “Nós estamos contra o facto da instituição mais poderosa da UE ser geridas apenas por homens nos próximos seis anos”.

O Conselho Executivo é o órgão máximo de gestão do BCE e é composto por um presidente (Mario Draghi), um vice-presidente (Vítor Constâncio) e quatro outros membros. Um dos lugares ficou vago com a saída do espanhol José Manuel Gonzalez- Paramo no final de Maio. É para esse lugar que o Eurogrupo e BCE recomendaram Mersch. A próxima vaga no Conselho só abrirá em 2018, quando Vítor Constâncio sair do cargo.

“Num momento que estamos a fazer tudo o que conseguimos para mudar a cultura dos serviços financeiros e para evitar a repetição da crise financeira, é frustrante ver que os Estados-membros não estão a pressionar por mais mulheres em posições chave no sistema financeiro”, afirmou ainda à Bloomberg Sharon Bowles, que lidera a comissão de assuntos económicos e financeiros do Parlamento.

Mersh é o banqueiro central da Zona Euro há mais tempo no activo e merece a confiança de Mario Draghi que, embora reconhecendo a importância de atacar os desequilíbrios de género, defendeu que Mersh é peça essencial para o BCE atacar a crise da Zona Euro, especilamente num momento em que a instituição ganha poderes.

Bowles também reconhece o currículo do luxemburguês e diz até que poderá pedir ao Parlamento que ignore a recomendação do comité a que preside caso Herman Van Rompuy, o presidente da UE, dê sinais claros de que irá promover a chegada de mulheres a lugares de tipo na União.

Van Rompuy fala hoje no Parlamento Europeu e a votação final da câmara parlamentar sobre Mersh tem lugar a 25 de Outubro.

“Van Rompuy tem a última oportunidade amanhã [hoje], quando se dirigir ao plenário, de mostrar que os estados membros estão seriamente comprometidos a encorajar a chegada de mulheres a posições de topo”, escreveu por e-mail à Bloomberg Sharon Bowles.