Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Conjuntura internacional "pode baralhar previsões otimistas" de emprego em 2025

João Cerejeira, professor de Economia da Universidade do Minho, acredita que os últimos acontecimentos a nível global, nomeadamente a questão das tarifas, vão afetar os dados do emprego e desemprego em 2025.

A carregar o vídeo ...
  • ...

No ano passado, a taxa de desemprego ficou nos 6,4%, abaixo da previsão do Governo. No último trimestre o emprego subiu e o desemprego também, elevando a taxa para 6,7%. Sobre as previsões para o mercado de trabalho este ano, quer do Governo, quer de vários organismos internacionais, João Cerejeira, professor de Economia da Universidade do Minho, prefere a precaução tendo em conta o cenário global atual. 

"Falta saber se estas previsões estão a ser demasiado otimistas em virtude das alterações da conjuntura internacional, nomeadamente as guerras comerciais que se vizinham em termos de imposição de tarifas, etc., que vai levar seguramente a uma diminuição ou pelo menos um prejuízo das exportações que têm destino os Estados Unidos, por exemplo. Portanto, isso vai ter reflexos no setor exportador português, que já se nota em algumas das áreas, como o calçado, vestuário ou dos setores ligados à indústria automóvel", refere em entrevista o programa do Negócios no canal NOW.

"A fazer fé naquilo que são as previsões dos principais organismos internacionais, o que se prevê para o próximo ano é uma certa manutenção em termos do emprego, em termos também da taxa de desemprego, mas, obviamente, essas previsões não têm em consideração os acontecimentos das últimas semanas que podem, efetivamente, baralhar um pouco estes números", acrescenta.

Quanto aos dados revelados esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), com a subida em simultâneo do emprego e do desemprego, João Cerejeira explica que este fenómeno pode ser justificado com a subida do salário, nomeadamente do salário mínimo, que "tem atraído pessoas que antes estariam na inatividade, ou seja, não procuravam trabalho, e agora passaram a procurar trabalho e passam a ser considerados, se não encontrarem emprego, como desempregados. E, portanto, nós temos um maior número de pessoas que pretendem trabalhar e que estão disponíveis para aceitar um posto de trabalho". 

Por outro lado, acrescenta em entrevista o programa do Negócios no canal NOW, "a própria imigração também explica este crescimento maior da população ativa".

Contudo, João Cerejeira sublinha "um sinal menos positivo" uma vez que o crescimento em simultâneo do emprego e do desemprego também significa que "as pessoas estão a procurar trabalho, mas a economia não está a corresponder no mesmo montante, na mesma velocidade para conseguir empregar essas pessoas adicionais".

Ver comentários
Saber mais Emprego Desemprego Portugal Instituto Nacional de Estatística União Europeia
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio