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Paola Subachi: A ascenção de Berlusconi, as virtudes do duo Merkel Macron e os perigos de Trump
Uma conversa para o PS on Air, uma iniciativa do Project Syndicate, com a investigadora principal da Chatam House, Paola Subacchi, onde se falou da ascensão da extrema-direita em Itália, da nova ordem de Donald Trump, do futuro da Zona Euro e dos planos económicos da China.
"Uma aliança entre Berlusconi e a Liga do Norte é uma possibilidade, em conjunto com outros partidos da direita", alerta Paola Subacchi, professora da Universidade de Bolonha e investigadora principal de Economia Internacional da Chatham House.
O futuro político de Itália foi um dos temas da conversa para o PS on Air, uma iniciativa que junta os colunistas do Project Syndicate com os jornais que os publicam. A entrevista (que pode ver e ouvir no vídeo em cima) foi conduzida por Jonh Andrews, antigo director do The Economist, David Wighton, colunista do Financial News e André Veríssimo, subdirector do Negócios.
A professora da Universidade de Bolonha considera que "o Movimento Cinco Estrelas atingiu o pico e vai começar a abrandar, porque perderam credibilidade, sobretudo na gestão dos municípios. Roma agora é uma cidade completamente caótica e disfuncional".
Já a extrema-direita está a ganhar força. "Estou muito preocupada com a extrema-direita. A Liga do Norte está a tornar-se mais num partido com dimensão nacional. Uma aliança entre Berlusconi e a Liga do Norte é uma possibilidade, em conjunto com outros partidos da direita", afirma Paola Subacchi. "Não penso que os mercados reagissem muito bem a um regresso de Berlusconi, em particular por causa da incerteza que se criaria, porque não me parece que consigam ter uma maioria".
Macron forçado a compromissos
A investigadora da Chatham House considera que "é fundamental colocar a Zona Euro numa trajectória de longo prazo. Sabemos o que precisa de ser feito, uma união orçamental, mas é politicamente muito difícil". Mas acredita que "se Merkel for eleita, o duo Macron e Merkel seriam muito boas notícias para a Europa".
A quebra de popularidade do Presidente francês promete afectar a sua capacidade para impôr reformas: "Macron terá de chegar a compromissos, porque toda a gente tem de chegar a compromissos em França. Ele poderá ter de reconsiderar algumas das suas propostas e ser menos ambicioso, para conseguir algumas reformas".
Trump e o papel do Banco Mundial e do FMI
Se o Brexit ainda vai criar dificuldades à economia britânica, que pode demorar 20 anos a digerir o divórcio, o mesmo se passa com Trump. Paola Subacchi considera que o Presidente dos EUA pode ameaçar o papel das instituições multilaterais, como o Banco Mundial ou o FMI. "Com Trump, os EUA tornaram-se uma figura hegemónica relutante. Será interessante perceber o que uma grande economia emergente, a China, irá fazer".
Sobre a desregulamentação financeira, que está na agenda da administração norte-americana, diz que o risco existe "se esquecermos as lições da crise". Mas afirma que é necessário avaliar o impacto do que foi implementado.
"Temos de perceber melhor qual o impacto das regras. Os bancos diziam que as regras são demasiados draconianas e estão a restringir a rentabilidade. Portanto isto é algo que tem de ser abordado e pensado, em vez de dizer aqui estão as regras, ter uma espécie de colete de forças a que todos se têm de adaptar.
Pelo menos na Europa precisamos de fazer alguma investigação para aferir o impacto destas regras", defende Paola Subacchi.