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PAN apela à desobediência civil face à decisão de se manter garraiada em Coimbra

O partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) apelou hoje à "desobediência civil" dos estudantes de Coimbra, após o Conselho de Veteranos ignorar o referendo que determinava o fim da garraiada na Queima das Fitas.

André Silva, deputado do PAN, lançou algumas questões ao Governo sobre a barragem de Foz Tua e os transgénicos.
Miguel Baltazar/Negócios
22 de Março de 2018 às 21:52
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O Conselho de Veteranos da Universidade de Coimbra decidiu, na quarta-feira, que a garraiada vai permanecer na Queima das Fitas de Coimbra, ignorando a decisão do referendo promovido a 13 de Março, onde 70,7% dos estudantes votaram pelo seu fim.

 

Num comunicado enviado às redacções, o PAN sublinha que a decisão "reflecte uma posição autoritária, conservadora e antidemocrática", apelando à desobediência civil dos estudantes de Coimbra.

 

"Se os resultados dos fóruns cívicos são ignorados de forma arrogante, então estamos a perder a nobreza que lhes atribuiu legitimidade no passado (...). E é por isso que o PAN se junta aos estudantes de Coimbra num apelo subversivo contra esta decisão que não foi tão pouco comunicada com uma argumentação coerente que a justifique", afirmou o deputado do PAN, André Silva (na foto), citado no comunicado.

 

Para o partido, a posição revela "um total desrespeito pelos estudantes e pela larga parcela da população portuguesa que aguarda expectante por um sinal claro de uma academia preparada para acompanhar as mudanças sociais que já estão em curso".

 

A direcção-geral da Associação Académica de Coimbra (AAC) já afirmou que "fará cumprir intransigentemente a decisão democrática dos estudantes e que a defenderá até às últimas consequências".

 

Também hoje, o movimento estudantil Queima das Farpas, que tem lutado contra o fim da garraiada em Coimbra há vários anos, afirmou que a decisão do Conselho de Veteranos desrespeita "a vontade de milhares de estudantes expressa em referendo, numa atitude autocrática sem precedentes na academia".

 

"Neste momento, urge desencadear os mecanismos que reponham a justiça e democracia, honrando a vontade da maioria estudantil", apelou o movimento.

 

O líder do Conselho de Veteranos - dux veteranorum -, João Luís Jesus, referiu que estiveram presentes na votação 27 veteranos, recusando-se a dizer se a decisão da manutenção da garraiada foi aprovada por unanimidade.

 

O dux do Conselho de Veteranos afirmou também que tem "considerações a fazer sobre esta decisão", mas que apenas na sexta-feira irá prestar declarações sobre a votação.

 

Um dos veteranos presentes na reunião, Paulo Nogueira Ramos, que votou a favor da decisão do referendo, afirmou à agência Lusa que houve 14 votos contra o referendo, 11 a favor e duas abstenções.

 

Inicialmente, houve uma votação com 28 veteranos, com 16 votos contra a decisão do referendo, sendo que o dux, por achar que poderia "ter havido uma falta de noção" sobre o sentido de voto, optou por uma recontagem, já depois de um dos elementos ter saído da sala, explicou.

 

"O dux fez a proposta para se seguir a decisão dos estudantes", disse o veterano de Psicologia, sublinhando que, no meio da discussão, havia quem debatesse o facto de "a garraiada ser ou não justa, quando não era disso que se tratava - era se concordávamos e respeitávamos a opinião dos estudantes".

 

A imagem do Conselho de Veteranos "está altamente prejudicada com esta situação toda. 14 pessoas acabaram por dizer que o peso delas importava mais que o peso de muitas mais pessoas", lamentou.

 

O referendo promovido a 13 de Março contou com uma participação de 5.638 estudantes.

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